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Xadrez Global: O cenário geopolítico da Guerra Rússia x Ucrânia na África.

Como é o posicionamento de países da África no xadrez global em torno da guerra entre Rússia e Ucrânia?

O conflito ucraniano tem gerado divisões no mundo inteiro. Após observar os movimentos no próprio território europeu, o Sociedade Inteligente abordará neste novo ensaio os posicionamentos dos principais países africanos com relação à guerra. Nesse sentido, o país que capitaneia o posicionamento da maior parte das nações do continente é a África do Sul. Apesar de outros países como Angola, Egito, Nigéria, Tunísia e Marrocos, a África do Sul é a nação que indica o rumo nesse assunto.


A África do Sul está se posicionando de forma discreta, mas favorável aos russos. Como o membro mais fraco do BRICS, o país busca fortemente a aliança de países emergentes para atingir seus próprios objetivos geopolíticos. Dentre esses objetivos é ser o país referencial na diplomacia africana. E isso, até o presente momento, está sendo feito de forma muito competente.


Mais recentemente, a Ministra da Presidência (equivalente ao chanceler brasileiro), sra. Khumbudzo Ntshavheni, compareceu a Moscou para reunião com o governo de Vladimir Putin. Sobre a reunão, a representante sul-africana alegou:

Cria-se a falsa impressão de que este governo adotou uma postura anti-EUA. Devo dizer claramente que temos acordos de cooperação com os EUA em áreas como a partilha de informações, formação, cibe segurança e combate ao terrorismo, entre outras

Especialistas do país afirmam que a postura adequada é uma neutralidade de fato, na qual a África do Sul busque seus interesses, e não um alinhamento ideológico que poderá levar o país a um isolamento para do Ocidente, e um fechamento para as economias americanas e da Europa. Mas é oportuno também observar o posicionamento de outras nações proeminentes na região.


A Angola adota postura alinhada com o governo russo. Sergey Lavrov, chanceler russo, realizou visita oficial ao país e prometeu alianças em diversas áreas como construção, setor energético, indústria espacial e agricultura. O representante de Moscou ainda afirmou que encontra similaridades entre a guerra enfrentada pelos russos na Ucrânia e a Guerra Civil da Angola.


Outros países como Nigéria, Argélia e Senegal condenaram o ataque russo, mas mantiveram as relações com Moscou. Ainda no começo do conflito, a Ucrânia realizou um pedido a vários países africanos, solicitando pessoal para o combate contra os russos. Todos rechaçaram de forma veemente e com certo assombro a possibilidade. Os nigerianos afirmaram que era inadmissível o pedido que via africanos como meras ferramentas, e jamais aprovaria tal medida.


Por outro lado, mais ao norte do continente, países como Marrocos, Quênia, Tunísia e Libéria se posicionaram mais favoravelmente aos ucranianos. Os 4 participaram do chamado "Grupo de Contato para Defesa da Ucrânia" (GCDU), grupo que também incluiu países do Oriente Médio, OTAN e Extremo-Oriente. Esses países, por um posicionamento geopolítico mais próximo aos europeus acabaram se colocando em favor da Ucrânia, em alinhamento com a OTAN. Marrocos anunciou inclusive que enviaria tanques para o esforço de guerra, como o primeiro país africano a enviar equipamento de combate para Kiev.



Assim, aparentemente, o continente africano tende a ficar mais neutro no conflito, com a África do Sul liderando o bloco mais alinhado com Moscou (pela aliança que há no BRICS), e os países mais ao norte tendendo a serem mais fiéis ao vizinho forte do norte, a OTAN. Os desdobramentos de um possível extravasamento da instabilidade europeia para o resto do mundo, na África, deverá seguir esse padrão de alianças estabelecido.


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