Um escândalo que deveria estar em jornais e revistas. Mas o que fazer quando o Estado é quem viola as liberdades e os jornalistas agem como prostitutas do governo?
Muitos associam o levante da censura e da perseguição política no Brasil com as eleições de 2022. Porém, o escândalo do Twitter Files Brazil, que veio à tona graças ao grande trabalho dos poucos jornalistas decentes que restaram (Michael Shellenberger, David Ágape e Eli Vieira), demonstra que a sanha censuradora e persecutória já vinha de bem antes de 22.
Em 2020, em meio a uma audiência no Congresso, parlamentares de esquerda pediram a um funcionário da rede social que disponibilizasse identidades e conversas privadas (conhecidas no então Twitter, hoje X, como DM). O assessor jurídico da rede recusou a fornecer os dados por entender que seria uma ação ilegal, e o caso foi parar no STF, que concedeu inicialmente o caso para que não fossem invadidos os dados privados de milhares de usuários. O jornalista David Ágape ainda remonta para anos anteriores a 2020, demonstrando a construção de uma verdadeira rede censuradora no Brasil.
Mas a história fica interessante quando Shellenberger revelou que outras plataformas como Instagram, Facebook, Whatsapp e Uber fornecem os mesmos dados de forma voluntária, sem a necessidade de alguma ordem do governo.
Ainda sobre o Google, Rafael Batista, empregado do Twitter investigado pelo Ministério Público de SP, afirma via e-mail, segundo Shellenberger, que a empresa enfraquece o posicionamento do Twitter em prezar pela privacidade dos usuários. Isso foi em virtude do envio voluntário ao Senado Federal de vídeos da plataforma Youtube, que já haviam sido excluídos por "violarem regras", de membros do então governo do ex-Presidente Jair Bolsonaro, relacionados às investigações que corriam sobre ações ou omissões sobre a pandemia de COVID-19.
Com o cerco apertando contra o Twitter, o Ministério Público de SP exigiu saber quem era que tratava o caso internamente na empresa. E, juntamente com a Polícia Federal, demandou os dados de contas específicas como de Carlos Bolsonaro (filho do então Presidente) e Allan dos Santos, jornalista brasileiro fundador do canal Terça Livre (o maior canal conservador da América Latina que já existiu) e exilado nos EUA por perseguição política.
Segundo o relato de Shellenberger, o próprio TSE exigiu que contas que apoiavam o então Presidente Bolsonaro e que realizavam ataques às cortes judiciárias e seus membros deveriam ser desmonetizadas.
Batista observou que “o próprio presidente Bolsonaro e vários de seus apoiadores estão sendo investigados neste procedimento (15 contas do Twitter foram fornecidas até agora)”.
A escalada autoritária, pelos relatos do jornalista, intensificou em 2022, ano eleitoral, com o Ministro Alexandre de Moraes assumindo a presidência do TSE. Um dia após assumir o cargo, uma ordem do TSE chegou ao Twitter, para expor dados como endereços de IPs, de usuários que levantavam hashtags como #VotoImpresso #VotoDemocráticoAuditável. A ordem vinha com uma multa de 50 mil reais por dia de descumprimento.
Além desses dados mais genéricos, o TSE direcionou ordens para remoção de contas específicas como de Carla Zambelli, Marcel Van Hatten e do Pastor André Valadão. Estima-se que milhares de contas acabaram tendo suas informações enviadas para as cortes e muitas delas caíram logo após o 2º turno que deu a vitória ao atual Presidente Lula, sob fortíssimas suspeitas no processo.
Agora, a pergunta que não cala: Esses dados foram guardados para uso futuro? Pois muitos usuários fizeram novas contas e continuam ativos nas redes. E a sanha censuradora de Moraes ficou só nisso, ou ele ainda faz exigências absurdas como reveladas no escândalo? Independente da resposta, algo que é certo (ainda mais com a inauguração do novo "AI-5", o CIEDDE - Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia) é que: O GRANDE IRMÃO ESTÁ OBSERVANDO.
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