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Erros da Direita: A inocência nas alianças.

Updated: May 16, 2023


Talvez não seja um erro propriamente, mas é, sem dúvida, um fator que prejudicou a direita em seu rompimento do silêncio político que vivia antes de 2016. Desde a inocência nas alianças com direitistas que não o eram de fato, até no embate político com a esquerda. E essa questão era de certo modo inevitável ocorrer. Ao observar os fatos ao longo da campanha e durante o mandato de Bolsonaro, muito se revelou.


Durante a campanha eleitoral de 2018, Bolsonaro era um fenômeno. Ele tinha um discurso forte e alinhado com muitos anseios populares contra corrupção, contra os aumentos de impostos, contra a quadrilha petista, e isso angariou muitos apoios. Nesse sentido, Bolsonaro teve a inocência de se aliar com determinados atores políticos que tinham um projeto de poder próprio.


O primeiro que se revelou foi o grupo MBL. E essa aliança talvez traduza de forma mais nítida a inocência. Primeiro que, por um defeito de visão política herdado de décadas de esquerda no poder, considerou-se que um liberal era alguém de direita. Não que não possa ser, mas ser liberal somente não define se alguém pertence ao lado de cá. Assim, o MBL (e principalmente o Kim Kataguiri) possui um projeto próprio de poder, algo que se revelou durante o mandato de Bolsonaro, inclusive se aliando com a esquerda para derrubar o ex-Presidente.


Quando ocorreu o divórcio entre as duas partes, foi a exposta a inocência. De uma aliança feita no afã da corrida eleitoral para se contrapor à velha política de PT e tucanos, mas que na verdade eram dois projetos de poder concorrentes. O MBL com anseios políticos a cargos importantes e até à Presidência, e Bolsonaro, um fenômeno popular e politicamente forte imbatível com seus próprios objetivos mais conservadores.


Além do MBL, outros políticos também abandonaram Bolsonaro, pois viram que o mandatário era de fato um fenômeno em si, e dificilmente seria substituído por outra personalidade da direita. Assim, apesar de ser melhor do que o PT, ainda não atendia certos anseios políticos. Dessa forma, o exemplo do ex-governador de São Paulo, João Dória, é oportuno. A aliança em 2018 traduzida na expressão "Bolsodória" mostrou-se tanto uma inocência de Bolsonaro ao se aliar a um tucano como Dória, quanto ao oportunismo de Dória para pegar carona no fenômeno e assegurar sua vitória para o Governo de São Paulo.

Dória foi um dos principais pivôs no surgimento de rusgas internas no governo Bolsonaro. Na saída de Sérgio Moro, no assédio pela saída de Paulo Guedes, entre tantos problemas internos que o ex-Presidente enfrentou.


Portanto, talvez a primeira lição a ser aprendida é a de que o poder não pode ser inocente. E a direita precisa agir com maior sagacidade e mais alianças políticas sólidas. Ao que tudo indica, a ida de Bolsonaro para o PL; a irrelevância política de personalidades como Dória, Hasselmann e Frota; e a exposição do MBL como um verdadeiro agente oportunista de interesses próprios (não membros de uma direita autêntica), tudo isso pode ser o resultado do aprendizado. Se essa lição foi de fato aprendida, o tempo dirá.


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