top of page

Rússia e seus interesses na Ucrânia: O mundo assiste o que pode vir a ser o maior conflito do século

Entenda a estratégia russa na Ucrânia e o erro primário da OTAN identificado pela Alemanha na região.

A guerra na Ucrânia aparenta ser cada vez mais inevitável. Um erro estratégico da OTAN está levando os países europeus e os Estados Unidos a um conflito desnecessário e que está servindo de cortina de fumaça para o verdadeiro perigo mundial. Tudo começou com a ânsia da OTAN em expandir um acordo militar já ultrapassado e que leva os países europeus a dependerem da proteção dos Estados Unidos e Reino Unido, a expansão para o leste europeu não passara desapercebida pelo Kremilin, e chegou (literalmente) ao limite fronteiriço russo, quando começou a namorar uma adesão ucraniana, algo que Putin não poderia deixar impune.



A guerra civil da Ucrânia (2014 - atualmente) surgiu de conflitos políticos internos entre grupos pró e contra Moscou. O erro começou com a OTAN apoiando abertamente o governo contra os rebeldes favoráveis à Rússia. Erro da insistência da OTAN em se tornar significativa de alguma forma no atual cenário geopolítico, atrás de uma retórica de libertação contra a interferência russa na Ucrânia. Não apenas isso, mas uma indisposição que os países europeus não são capazes de levar a cabo, devido as consequências do conflito aberto entre Rússia e países da OTAN na Ucrânia.


Nas últimas semanas essa posição delicada foi traduzida pelo comandante da Deutsche Marine, o Vice-Almirante Alemão, Kay-Achim Schönbach, que declarou que o real desejo de Vladimir Putin é o respeito no seu quintal e que a Rússia não teria interesse em um conflito aberto, mas se preparava para manter sua posição geopolítica. O militar foi além e disse que a Europa precisava aceitar as conquistas russas da Criméia e se atentar ao real inimigo ocidental, a China. As declarações foram feitas em visita oficial à Índia e, devido a repercussão que tiveram em outros países da OTAN (ávidos por se oporem a Moscou), custaram seu cargo como chefe da frota alemã.


Vice-Almirante alemão, Kay-Achim Schönbach

A despeito do resultado final com a perda do seu cargo, a análise estratégica de Schönbach não deve ser ignorada, pois encontra muito reflexo na realidade geopolítica atual. Conforme mencionado, nem a Rússia e nem a OTAN desejam efetivamente o conflito na Ucrânia. Primeiro, pelas consequências que podem gerar, como um conflito por transbordamento, que iniciaria nas terras de Kiev e poderiam espraiar por outros países da ex-URSS. Segundo, porque os europeus são altamente dependentes de muitos recursos russos, dentro os mais importantes, o gás natural que abastece termelétricas e outras indústrias europeias. Terceiro, por praticamente não dar alternativa ao Kremilin, que não seja uma aliança mais estreita com Pequim. A China poderia muito bem se propor a comprar as reservas de gás russas (entre outros recursos), que, em resposta a sanções ocidentais, poderiam ser cortadas da Europa.



Esse cenário seria trágico para os Estados Unidos, uma vez que daria aos chineses acesso maior e quase que irrestrito a muitos recursos minerais e naturais para expandir seus planos que começam por uma guerra por Taiwan. Assim, configuraria um esforço colossal em dois fronts: Na Europa, mesmo que não com presença direta americana, Washington teria que se preparar para intervir no teatro europeu, além de manter linhas logísticas para suprir o governo de Kiev contra a Rússia; a conflagração no extremo oriente com uma invasão chinesa a Taiwan, traria um desafio para os EUA com atuação das forças norte-americanas de forma mais direta (pela fragilidade dos seus aliados na região), além de ter que manter as linhas logísticas de suprimento às forças de Taiwan e de aliados como Japão e Coreia.


O desfecho ideal portanto, para os europeus, russos e norte-americanos, seria a chegada a um acordo. A Rússia quer que a OTAN pare seu expansionismo para suas fronteiras e respeite a influência de Moscou na região. Os europeus querem um governo eleito democraticamente na Ucrânia sem influências do Kremilin e a retirada das tropas russas da fronteira ucraniana. A Ucrânia não tem muito escolha, ficando a reboque ou da guerra das potências europeias contra os russos, ou do acordo. Esse último, como demonstrado, parece ser o melhor desfecho, ou o menos danoso aos EUA e à OTAN, que podem se ver envolvidos em uma guerra de proporções não vistas desde os anos negros da Segunda Guerra Mundial, com Rússia, China e até o Irã formando um novo eixo contra os aliados ocidentais. A diferença? Um eixo armado até os dentes com armas nucleares.

留言


bottom of page