Ambos os lados trocam acusações, mas afinal: Quem é o responsável pelo evento?
Ucranianos acusam russos pelo estouro da barragem de Nova Kakhovka para barrar contra-ofensiva prometida. Já Moscou acusa Kiev por ter alagado territórios ocupados pelos russos, e por minar fornecimento de água para região sudeste do país. Seja como for, o dano da represa é o evento mais significativo das últimas semanas no conflito. Nesse sentido, é possível explorar ambos argumentos para observar qual faz mais sentido no atual teatro de operações.
1 - Rússia teria causado o estouro da represa para barrar a contra-ofensiva ucraniana
A tese que traz esse raciocínio baseia-se em alguns pontos. Primeiramente, a Ucrânia estava planejando uma contra-ofensiva em larga escala para tentar retroceder a linha russa. As tropas russas, visando dificultar o avanço, teriam causado o extravasamento do reservatório para tornar a área, rio abaixo, em terreno pantanoso, o que dificultaria principalmente atuação de blindados como os fornecidos pelos alemães.
Além dessa dificuldade em um possível avanço ucraniano, há os problemas que geram na usina nuclear entre Nikopol e Zaporizhzhia. A usina utiliza a água do rio Dnipro para resfriamento dos seus reatores. Com a diminuição dos níveis do reservatório, a água ficará menos disponível para ser utilizada pela usina, o que poderá gerar diminuição no fornecimento de energia da usina. Finalmente, há a teoria da tática de terra arrasada. Algumas hipóteses apontam que os russos estariam utilizando a tática, com o advento da ofensiva ucraniana que poderia conquistar territórios na região atingida.
2 - A Ucrânia teria iniciado a ofensiva de verão com o ataque na represa
Desde o início do ano os ucranianos preparam uma grande contra-ofensiva que Kiev em momento algum tentou esconder. Durante o inverno os movimentos foram planejados para se colocarem em ação exatamente no atual período. Assim, a sabotagem da represa seria o ponta pé inicial de uma série de ataques para minar o território invadido pelos russos, bem como as tropas invasoras.
Além disso, é preciso apontar que a região da Criméia é ligada ao reservatório da represa. Dessa forma, o fornecimento de água seria seriamente afetado tanto para a população que vive no território ocupado, e ainda mais para tropas russas que fazem uso desses recursos. A escassez de água não teria como ser suprida de forma mais imediata sem uma reconstrução da represa.
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