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O preço dos combustíveis: Quem são os vilões?

Os relatos feitos pelo Presidente da Petrobrás hoje na Câmara dos Deputados trouxe à tona mais uma vez o tema. Entenda.

Os preços dos combustíveis dispararam em 2021. A alta foi sentida forte no bolso dos brasileiros que passaram a pensar duas vezes antes de sair de carro de casa para economizar o precioso combustível. Com essa restrição, uma pergunta que não quer calar fica: Afinal, de quem é a culpa disso? Responder essa questão complexa é o intuito desse texto, em mente que se trata de um problema multifatorial.


I - Os preços dos combustíveis no Brasil não são caros...


Estranha essa afirmação? De forma alguma. Ao comparar os preços de combustíveis no mundo, observa-se que no Brasil, os preços são medianos. Veja a lista abaixo:

Fonte: https://pt.globalpetrolprices.com/gasoline_prices/, acessado em 14/09/2021

A tabela fica mais clara ainda ao demonstrar que não é apenas no Brasil que os preços estão em alta. Mas a pandemia provocou uma diminuição momentânea em 2020 nos preços, pela paralização da atividade e pelo temor das pessoas não comprarem os combustíveis. Em 2021, com a retomada econômica, os preços foram atualizados, inclusive também com o "custo da pandemia" que encareceu a produção em todos os setores.

Mas se os preços no Brasil não são altos, porque ficou tão mais caro abastecer o carro? Aí sim a pergunta mais adequada é feita.


II - O poder aquisitivo caiu com a inflação causada pela pandemia


Os lockdowns ainda fazem seus efeitos econômicos, apesar de terem arrefecido. A tática conhecida pelo slogan "fique em casa, a economia a gente vê depois" está cobrando sua conta hoje. Do ponto de vista econômico paralizar a produtividade já foi algo nocivo para supostamente preservar vidas por causa da pandemia. Mas o remédio usado, os auxílios governamentais, foi um verdadeiro coquetel que causou efeitos colaterais no paciente, e um desses efeitos foi o boom dos preços.


A inflação, em alta, é o resultado da injeção de dinheiro diretamente na economia através das ajudas do governo. Muitos que não tinham renda já de antes da pandemia e outros que perderam emprego, obtiveram um dinheiro sem precisar produzir para isso, o que gerou um aumento do consumo imediato e consequente elevação dos preços. Mas a inflação observada é respondida só em parte por esse ponto.


O distanciamento social provocou uma mudança nas cadeias produtivas que tiveram que se adaptar ao "novo normal". Custo mais alto, produção mais baixa para evitar aglomerações, regras sanitárias mais rígidas, funcionários com suspeita de terem sido infectados ficando em casa em dispensa médica, entre outros fatores tornaram a produção mais cara e naturalmente isso impacta no preço para o consumidor.


Portanto, com os preços em alta, acaba sobrando menos dinheiro no orçamento familiar para custear o preço da gasolina, o que agrava a sensação de disparada de preço.


III - Os combustíveis no Brasil passaram por um controle artificial de preços que cobra seu custo hoje


Algo pouco mencionado pelos meios de informação atualmente, talvez por birra com o atual governo, ou por conveniência, é que os preços dos combustíveis estavam artificialmente alterados graças aos governos petistas. A ex-Presidente Dilma, na sua tentativa de aplicar políticas de controles de preços para ter popularidade e evitar o impeachment (que veio de qualquer jeito), praticou uma série de equívocos que até hoje fazem seus efeitos. Um deles foi o controle arbitrário dos preços de combustíveis pelo uso político da Petrobrás.


A existência da Petrobrás, como monopolista na exploração e refino de petróleo já é um defeito de mercado que gera um controle de preços. Para piorar, Dilma queria ditar quanto ia valer o preço dos combustíveis, independente do valor praticado no mercado internacional, mesmo se tratando de uma commodity. O resultado, a Petrobrás quase faliu, a atividade petrolífera no país quase teve que ser forçadamente cedida para empresas privadas por falta de capacidade da empresa estatal, e hoje os preços parecem que subiram demais, porém apenas repuseram os valores que foram perdidos ao longo do governo de Dilma Roussef.


IV - E os impostos?


Não há dúvida do papel crucial dos impostos nessa conta perversa. O Estado age como torcedor pelo aumento dos preços, já que os impostos não são em valores absolutos, mas em percentual. Ou seja, o governo pode alegar que não subiu o imposto quando o preço da gasolina sobe, mas aumenta seu faturamento pelo percentual ser em cima de um valor maior.


Porém os impostos sempre foram altos. E apesar das ações do governo federal para mitigar os preços, eles continuam subindo pela resistência de governos estaduais em seguirem o exemplo. Além disso, há a fome insaciável do monstro que alimentamos com alta carga tributária ao longo de décadas, e que nunca se viu intimidado em manobrar para estourar o orçamento e assim, cobrar mais impostos.


Seja como for, a verdade é que os preços de combustíveis estão sim em alta, e as medidas que precisam ser tomadas para diminuí-los passam por decisões difíceis que até hoje nenhum presidente conseguiu tomar. Até lá, o povo continuará amargando preços altos, com baixo poder aquisitivo e sem ter muito o que fazer.

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