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O Ministro da Economia de Bolsonaro: O liberalismo pós-contemporâneo chega

Paulo Guedes, um homem experiente e conhecedor do mercado financeiro e professor de economia é o homem que terá a missão de tirar o Brasil da lama na qual o PT o afundou.

Mesmo antes do 1º turno das eleições Bolsonaro já tinha certo qual seria seu Ministro da área econômica. Para entender o que significou a escolha de Guedes e o que ele pretende colocar em ação para destravar a economia brasileira é necessário antes observar quem é a pessoa e suas origens e crenças econômicas que nortearão o país nos próximos 4 anos. Também é necessário observar um panorama global do mundo hoje, e como o Brasil inserir-se-á nas negociações com outros países, para então traçar uma possível trajetória econômica que o Ministro trará. Paulo Roberto Nunes Guedes é conhecido por ser economista (formado na UFMG) alinhado com a escola de Chicago (temida por aqueles que repudiam o liberalismo econômico). É mestre em economia pela FGV e Universidade de Chicago onde atingiu o nível de Ph.D. Só nesse breve panorama acadêmico já dá para observar seu alinhamento com um pensamento econômico liberal. A escola de Chicago é famosa por trazer ao conhecimento mundial grandes pensadores liberais como um dos seus grandes líderes Milton Friedman (um dos responsáveis pelo neoliberalismo econômico do século XX). Assim, o que se pode esperar de Guedes para o Brasil é uma abertura econômica o que trará benefícios e malefícios que devem ser estudados e mitigados. Passando ao panorama global atual, o mundo vive a frustração com o multilateralismo e as instituições internacionais como ONU, UE (União Europeia), OEA, etc. Isso se deve dentre outros fatores, principalmente ao marasmo e lentidão nos processos de tomada de decisão, e ao desencanto por muitos países emergentes (caso do Brasil) com a ideia de que o multilateralismo os fortaleceria para decisões mais justas nesses órgãos. O fato é que principalmente a ONU, desde sua constituição no fim da Segunda Guerra Mundial, foi feita para privilegiar as potências vencedoras do conflito e deixar os demais à mercê das decisões dessas. Após o fim da Guerra-Fria e o aparente surgimento do afã multilateral de acordos climáticos, econômicos, alinhamentos ideológicos de nações e a Cooperação Sul-Sul entre países em desenvolvimento, o mundo ficou extremamente heterogêneo do ponto de vista geopolítico e econômico, o que trouxe na década atual a crise do multilateralismo por haver diversas agendas em pauta o que impede à chegada de um consenso unânime (princípio de muitos órgãos multilaterais). Com isso em mente, o que esperar da economia para o Brasil. Primeiro analisemos o dever-de-casa que deve ser feito. A população brasileira está mais velha e nossa pirâmide social deixou de ser aquela de base larga e um pináculo estreito. A verdade é que deixamos de ser uma pirâmide etária social para sermos uma espécie de pilar. Isso tem implicações muito grandes na economia do país, pois estamos vivendo mais e menos pessoas estão nascendo proporcionalmente, ou seja, o custo para manter aposentados é maior. Com isso o principal e inadiável é a reforma previdenciária para evitar uma quebra parecida a que ocorreu na Grécia nos anos 2000. Além disso, desperdícios do Estado precisam ser urgentemente estancados como a corrupção e a má gestão pública que estão intrinsecamente conectados. Ora, uma gestão eficiente também passa por eliminação daquilo que é desnecessário, supérfluo e demasiadamente caro: Por isso as privatizações e concessões que devem ser feitas serão uma tônica na gestão do Ministro da Economia. O Brasil passou da fase que o Estado precisa cuidar e bancar muitas coisas. Na época do milagre econômico dos anos 1970, o Estado era empreendedor e burocrático porque muito era necessário ser feito e não havia iniciativa privada instalada no país que desse conta de tantos investimentos. Portanto era necessária a criação de estatais que vemos hoje, porém os tempos são outros. Necessita-se crescer sem as amarras e a mão pesada e onerosa do Estado. É preciso sim desburocratizar e desregulamentar. Aí vem a pergunta: "Ah, mas como? Isso é muito genérico". O Estado atualmente precisa ser um fiscalizador da atividade econômica e não um atuante nela. Fiscalizar com eficiência, sem a necessidade de burocracias intermináveis que levem à lentidão do processo econômico. Alvarás mais simples e diretos, licenças ambientais que sejam claras, concisas e permitam a atividade agropecuária no Brasil respeitando biomas, fornecimento de infra-estrutura adequada às atividades, incentivar à criação e fomentar a atividade empreendedora privada pela simples facilidade em fazê-lo, ao invés de burocratizar com incentivos fiscais. Para tudo isso, cada área do Estado precisa se preparar para fiscalizar essas atividades e mantê-las dentro das leis e regulamentações que garantam uma atuação livre dentro dos limites saudáveis para o país. Do ponto de vista do comércio exterior, na gestão de Guedes o Brasil provavelmente dará uma guinada para aquilo que lhe é próprio e vantajoso (indo de acordo com as premissas liberais), além de trazer nosso país definitivamente para a nova onda do bilateralismo em face ao fracasso do multilateralismo no início do séc. XXI. Negociaremos com o mundo todo, porém sem amarras do multilateralismo. O Brasil é uma das grandes "fazendas" mundiais (se não A grande fazenda), isso é inegável. Logo, a desburocratização de licenciamentos ambientais e uma política de comércio exterior voltada para a liberalização trará ao agronegócio um bom momento nas exportações. Contudo há uma armadilha aqui, e é a desindustrialização em alguns setores. Somos fortes em muitos setores industriais como metalurgia, extração de minérios e industria aeronáutica. Porém a liberalização excessiva pode trazer danos a outros setores e deixar esses mais fortes expostos ao capital externo que poderá tirar do país tais agentes para a aquisição de um grande conglomerado estrangeiro. Portanto, é preciso cuidado na abertura econômica para que seja feita de forma pensada e que sejam consideradas as potencialidades de dano principalmente em produtos de alto valor agregado que produzimos. Finalmente, após toda essa extensa analise, vejamos como poderá ser o Brasil com Paulo Guedes a frente da economia: Será um país mais dinâmico do ponto de vista econômico, um mercado financeiro mais contente, porém mais agressivo, uma forte produção agrícola que deverá ser lastreada por um forte investimento em infra-estrutura para escoamento aos portos e vendas a outros países. Uma indústria que talvez não seja o foco, em virtude da industrialização tardia nossa, porém uma agroindústria que surgirá inevitavelmente com o crescimento do agronegócio, e investimentos em tecnologia agrícola. Economia com a previdência reformada e adequada ao novo cenário demográfico brasileiro, onde as pessoas provavelmente passarão por uma transição para o sistema de previdência capitalizada e paulatina extinção do modelo atual. Assim, cada um terá que pagar para se aposentar individualmente, o que fomentará melhor os fundos de pensão e veremos um sistema mais parecido com o mundo desenvolvidos. Essa reforma previdenciária trará mais equilíbrio ao Estado nas suas contas e possibilitará investimentos em áreas mais importantes como saúde e educação. Um crescimento econômico que será muito baseado na produção agrícola, nas indústrias fortes que temos e principalmente na desburocratização e diminuição do "tamanho" estatal.

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