Entenda como a OTAN errou na estratégia de desgaste dos russos, e agora o tempo passou de aliado a inimigo da Europa na guerra.
O tempo está contra a OTAN. Essa constatação fica a cada dia mais clara com o prolongamento do conflito na Ucrânia e os pedidos de Zelensky por um acordo o quanto antes com os russos. Assim, a estratégia dos europeus de vencerem os russos pelo cansaço e desgaste do conflito passa a ser agora o maior pesadelo de Kiev que se encontra entre dois grandes interesses.
No começo da guerra, a principal estratégia de Kiev (apoiada pela OTAN) era resistir e prolongar o conflito. A ideia era de que Moscou sucumbiria às sanções ocidentais e desistiria do conflito por pressão interna e pela "vergonha" de não ter vencido os ucranianos de forma rápida. Esse pensamento simplório é o que diferencia os "estrategistas" do Ocidente de Putin.
A obviedade da tentativa de sufocamento do governo de Moscou era tal que Putin já esperava esse movimento. As ações russas no teatro de operações e a resiliência ao suportarem praticamente o total isolamento da economia ocidental demonstram isso. Primeiro que foi observado na invasão ucraniana e a tentativa de invasão a Kiev dois pontos chaves: O uso de blindados já com pouca vida útil, bem como a estratégia de desgaste dos ucranianos na defesa de Kiev que deixaria a região sul do país mais enfraquecida.
Com isso, Putin garantiu a tomada de cidades essenciais como Kherson e Mariupol e a pressão forte em Odessa. O que se revelou é que Moscou não desejava (ao menos tanto quanto a OTAN apostou) a capital Kiev. A real estratégia, pelo desenrolar das conquistas russas, é a tomada litorânea do acesso ao Mar de Azov e Mar Negro. Assim, a Rússia concederá contiguidade territorial entre a Criméia e o território continental russo através da região do Donbass. A consolidação dessas conquistas devem vir nos próximos meses, o que revelará a falha estratégia da OTAN para defender os ucranianos.
Putin agora conta com o tempo a seu favor (seja no significado de prolongamento do conflito, seja no significado de tempo meteorológico). Ao estender a guerra, Putin terá, a partir de outubro/novembro, os europeus extremamente necessitados de gás e combustíveis que a Rússia oferece. Além disso, contará com o consagrado preparo das forças russas para o frio extremo, e provavelmente forçará o fechamento total do acesso da Ucrânia ao litoral, conquistando Odessa como último bastião da resistência.
Enquanto isso, os EUA erram na sua estratégia ao "caçarem briga" com os chineses em Taiwan, depois de terem errado ao permitirem que Putin visse a oportunidade para invadir a Ucrânia. A OTAN observa a paciência e estratégia de Putin, enquanto busca assegurar desesperadamente que os países nórdicos não sejam os próximos, e os europeus se rendem aos combustíveis fósseis retomando a queima de carvão. A Rússia, por sua vez, observa que o pior das sanções já passou e segue no seu processo de substituição de produção industrial com a saída de empresas do Ocidente e o ingresso de empresas chinesas ou o ressurgimento de indústrias russas em maior escala, como a Lada.
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