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O fenômeno Milei: Por que a Argentina caminha em sentido contrário ao do Brasil?

Candidato tido como pouco expressivo passou a ser a "3ª força" na corrida eleitoral há duas semanas, nesse domingo consolidou-se como o mais forte para a Casa Rosada.

Milei ganhou as eleições primárias argentinas em um pleito bastante tumultuado nesse domingo. Com acusações de tumulto e problemas como tentativa de sumiço de cédulas de votos, que não foram subtraídos graças à possibilidade de conferência física desses, o candidato libertário da frente La Libertad Avanza conseguiu algo que era impensado há algumas poucas semanas atrás e atingiu mais de 1/3 dos votos para a chefia do país. Mas o que possibilitou a vitória de Milei em um país tão encrustado como o populismo peronista? Como uma candidatura de direita conseguiu ganhar na Argentina após a derrota da direita no Brasil?


O histórico das últimas décadas na Argentina é um fracasso retumbante com políticas públicas voltadas para o inchaço estatal e a instauração de uma economia ineficiente e altamente inflacionária. Como que surgiu o mecanismo de inflação nos hermanos? Os governos dos Kirchner e o último com o Presidente fantoche de Cristina Kirchner levaram o país a uma lógica na qual o Estado provê o desenvolvimento através do aumento de gastos públicos e hipertrofia da máquina estatal. Com mais gastos, mais empréstimos foram necessários e mais impressão de moeda. O resultado é inevitável: Hiperinflação. E não apenas isso, mas como a desvalorização do peso argentino, o país entrou em uma situação economicamente insolúvel, o que ocasionou os calotes do governo que passou a não conseguir mais financiamentos.


Inflação a mais de 100% ao ano, governo de esquerda corrupto, mais de 1/3 da população na miséria e a insistência na receita que deu errado, gerou nos argentinos um sentimento de que mudar era preciso. Assim, Javier Milei, um ótimo político de massas e libertário, pegou esse sentimento e traduziu em um programa de dinamização econômica e desestatização que apresentou na disputa eleitoral que se vê agora. O que impediu Milei de ir mais adiante ainda foram mecanismos semelhantes aos vistos no Brasil: receio de mudanças bruscas por parte da população, manipulação da opinião pública com jornais e pesquisas que se mostraram flagrantemente erradas e uma parte considerável da população que se beneficiava dos mais pobres com a configuração kirchnerista de poder.


Mas como a Argentina está guinando para essa mudança após o fracasso da direita no Brasil com Bolsonaro? Há alguns pontos fundamentais para se colocar aqui: Primeiro é que, para o bem do Brasil e para o mal da direita, Bolsonaro passou seu governo quase que completamente influenciado pela pandemia da COVID-19. Os efeitos socioeconômicos causados pelo vírus oriundo da China, aliado aos erros de falas indelicadas em um momento sensível, trouxeram a derrota a Bolsonaro. Também é preciso observar a autofagia da direita (bem, ao menos de setores que se dizem da direita) como no caso do MBL, alguns próprios aliados do Presidente e pessoas influentes que visam um mundo ideal diferente da realidade brasileira.


Mas além de tudo isso, há um ponto fundamental: A Argentina sentiu na pele o que é a esquerda no poder em um momento crítico. Durante a pandemia, enquanto no Brasil, Bolsonaro brigava para que as pessoas pudessem trabalhar e serem livres, enquanto apontava sobre as arbitrariedades cometidas por alguns governadores e prefeitos, na Argentina, Alberto Fernandez e Cristina Kirchner mantiveram por meses a fio um lockdown severo, o que levou o país a uma ruína econômica ainda maior. A Argentina teve um dos fechamentos de comércios mais rigorosos do mundo com pessoas sendo presas na rua por simplesmente estarem lá, sem nem mesmo serem ouvidas. Some isso ao desastre da hiperinflação e descontrole das contas públicas e o resultado é o país desolado que se vê hoje na Argentina.


Portanto, talvez no melhor momento Milei assumirá a Argentina. Porém seu sucesso dependerá da fidelidade às pautas de mudança de paradigma, bem como da resiliência aos ataques vis de jornalistas e do sistema político do país. Uma guinada à direita dos argentinos é fundamental para uma perspectiva de melhora da América Latina, e uma força de resistência ao Foro de São Paulo e a tudo de perverso e autoritário que isso representa para os povos do continente. A vitória inicial de Javier Milei ainda precisa se confirmar, mas esse primeiro passo é fundamental para libertar os hermanos da esquerda.


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