A compra surge após a desistência do grupo australiano DefendTex de adquirir por completo a empresa.
A empresa estatal chinesa Norinco decidiu ofertar a compra de 49% da Avibrás, uma empresa brasileira que enfrenta desafios financeiros significativos e está em recuperação judicial. Essa decisão ocorre após a retirada da DefendTex, que desistiu da transação devido a complicações nas negociações com o governo brasileiro. Há quem aponte que a postura do Brasil em relação ao conflito na Ucrânia pode ter influenciado esse desfecho, uma vez que o país se recusou a assinar um acordo de paz condicionado à completa retomada do território invadido pelos russos.
A Avibrás, que se encontra em processo de recuperação judicial, enfrenta uma dívida considerável de 640 milhões de reais. A entrada da Norinco como acionista majoritária pode representar um fôlego financeiro para a empresa brasileira, possibilitando a sua reestruturação e viabilizando a continuidade de suas operações. Essa movimentação também evidencia o crescente interesse de investidores estrangeiros no mercado de defesa brasileiro, que já provou sua qualidade técnica em algumas oportunidades.
Por outro lado, a compra de quase metade da Avibrás por uma empresa estatal chinesa levanta questões sobre a soberania e projetos estratégicos do Brasil. A compra trará à Norinco acesso à tecnologia de equipamentos como o sistema Astros, veículos blindados e armamentos como o míssil antinavio MANSUP. Tal situação suscita debates sobre o impacto geoestratégico para a indústria de defesa brasileira e a autonomia do país em relação à sua tecnologia e produção militar.
Alguns críticos à aquisição da Avibrás pelo grupo DefendTex silenciaram ou até passaram a apoiar o mesmo movimento realizado pela Norinco chinesa. O movimento de interesse da Norinco já vem de alguns meses, como aponta o portal InfoDefensa. O site trouxe que executivos diretores da estatal chinesa vieram ao Brasil em abril último e tiveram conversas diretas com o Ministro da Defesa, o Comandante do Exército e a outros atores da área de produtos de Defesa do país. O Sociedade Inteligente apurou também diretamente na agenda do Ministro da Defesa e confirmou a informação da visita dos executivos da Norinco no BNDES e com o Ministro da Defesa do Brasil.
Em suma, a possível aquisição de parte da Avibrás pela Norinco requer muita atenção por parte de todos interessados na autonomia e soberania do Brasil. Ressalta-se os interesses envolvidos na questão, além do modus operandi da China em aquisições e investimentos como realizado na África principalmente. O governo brasileiro, por sua vez, deve buscar uma solução para a empresa brasileira em recuperação judicial, de forma a viabilizar a continuidade da Avibrás e a manutenção de suas tecnologias sobre controle do Brasil.
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