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Microsoft se posiciona na liderança absoluta do mercado dos games.

A compra multibilionária surpreendeu os fãs de Xbox e deixou de queixo caído a concorrência. Por que a aquisição da Activision/Blizzard é sinal de que o jogo virou faz tempo para o Xbox?

A indústria de games é a maior influenciadora de mentes na atualidade. Maior em muitos casos do que a indústria cinematográfica, a diferença envolvente que faz dos games esses poderosos moldadores de costumes e valores nos dias de hoje é a interatividade que gera maior empatia e maior participação do jogador com a história. Essa percepção dos games também só foi possível com a popularização da internet e a maior interação entre jogadores. Parece que na eterna "guerra de consoles", a Microsoft (detentora da plataforma Xbox) viu isso com mais antecedência e mais precisão do que sua arquirrival, Sony (detentora do icônico Playstation).


A compra da Activision/Blizzard pela Microsoft por quase 70 bilhões de dólares (quase 400 bilhões de reais) expôs o quão rentável é o setor de games e a importância dele na atualidade. Mas a compra é um sintoma de uma série de decisões acertadas oriundas da visão do Chefe da Divisão Xbox, Phill Spencer, e demonstra que na verdade o jogo virou já faz tempo.

Ao assumir a chefia da divisão Xbox, Phill Spencer via um domínio maior do console adversário, Playstation, e o Xbox One com dificuldades por uma campanha de marketing mal feita no lançamento do console, de acordo com fãs da marca, e aliada a um repertório de jogos de qualidade, mas que foram desmerecidos por um mercado mais acostumado a aclamar jogos da concorrência como God of War. Halo, com a mudança da Bungie para 343 não via seus melhores dias e Gears of War não tinha tanto apelo como o carro chefe da marca.


Talvez a mudança começou no maior investimento de marketing na franquia de corridas Forza. Com uma grande lacuna deixada pelos fracassos sucessivos de Need for Speed, desde NFS Most Wanted, jogos de corridas não emplacavam. Mesmo com as tentativas da Sony, como Gran Turismo, Driveclub, o único jogo que emplacou como referência em corridas para consoles foi a franquia Forza (tanto Forza Motorsport quanto Forza Horizon). O sucesso foi inegável, e a Microsoft pode ter sentido aquele ânimo que faltava para partir para cima do Playstation.

Em seguida, no ano de 2017, após consolidar o trio de ferro da marca (Halo, Gears of War e Forza), a Microsoft resolveu inovar e se colocar no pioneirismo de assinaturas de jogos. O lançamento do Xbox Games Pass foi uma novidade tão radical para o mercado, que muitos youtubers gamers fizeram chacota do serviço, descredibilizaram e o viam como algo utópico, ainda mais em países que possuem alto nível de pirataria como o Brasil. Porém, a Microsoft não é uma empresa amadora, é uma empresa trilionária e jogou pesado, com um preço altamente competitivo pelo serviço. A consequência foi a adesão em massa dos jogadores do Xbox e a atração de novos compradores de Xbox pelo vasto repertório de jogos por uma assinatura que compensava muito.

O Game Pass foi o ponto de inflexão no qual o jogo provavelmente virou para o Xbox, face ao Playstation. E uma coisa que é preciso entender aqui é que a quantidade de jogadores não é o que determina sua lucratividade, ou a lucratividade dos serviços. É inegável a maior capacidade da empresa de Bill Gates em ter servidores ao redor do mundo. Para se ter ideia, a Sony, apesar de uma grande empresa de tecnologia, já foi avaliada (se não ainda for) como uma empresa de menor valor do que a fabricante de fraldas Pampers ou linhas multinacionais de Supermercados. Assim, a Microsoft possui vários servidores próprios ao redor do mundo e, por isso, consegue implementar o Game Pass muito melhor e mais rápido do que a Sony, que até hoje não implantou no Brasil o seu serviço Playstation Now.


Assim, o Xbox passou de um console simples e concorrente do lendário Playstation, para uma verdadeira máquina de gerar receita recorrente mensal para a Microsoft que, vendo o lucro obtido com a atividade, partiu para o ataque. Em 2017 ainda a Microsoft se colocou na vanguarda de consoles potentes com o Xbox One X que (como na própria propaganda) era um monstro com configurações equivalentes a PCs muito mais caros. A intenção não era obter lucro com o hardware, mas atrair mais pessoas para o então "console mais poderoso do mundo" e essas pessoas usarem o Game Pass e garantirem mais receita recorrente à empresa. A receita funcionou e a Microsoft criou o sucessor do monstro: Xbox Series X. Enquanto isso, a Sony ficava para trás com hardwares medianos que atendiam apenas seus clientes fiéis e fãs da marca.

Após se consolidar como a dona do console mais poderoso, a Microsoft também sabia que precisava alimentá-lo com jogos célebres e manter a renda dentro da plataforma Xbox. Assim, Phill Spencer recebeu carta branca para abrir a carteira e comprar criadoras de conteúdos. Ninja Theory, Obsidian, Bethesda eram alguns nomes de peso que foram sendo adquiridas ao longo dos anos pelo Xbox Game Studios, acrescentando à marca Xbox jogos como Hellblade, franquia Fallout, The Outer Worlds, Doom, entre outros. Continuando com a estratégia, na última semana foi adquirida a gigantesca Activision, criadora da famosíssima série de shooters Call of Duty, e a Blizzard, criadora dos jogos blockbusters World of Warcraft, Starcraft, Overwatch (Jogo do Ano de 2016) e um dos principais jogos com ligas e campeonatos internacionais da atualidade.


Portanto, observa-se que a virada da Microsoft não é de hoje. A compra da Activision/Blizzard foi mais uma mera consequência do posicionamento confortável e consciente do console Xbox que deixou de ser concorrente da Sony. A estratégia para o console foi diferente da Sony, que pensou mais nos número de jogadores e donos de Playstation (onde muitos desbloqueiam e pirateiam os jogos). O Xbox tornou-se um gerador de recursos recorrentes mensais para a Microsoft, o que traz maior estabilidade e previsibilidade financeira. É igual uma pessoa que adquire um emprego, comparada a uma pessoa que trabalha para si. As vezes quem trabalha para si tem maior salário, mas com maiores variâncias e maior risco do que aquele que trabalha sabendo que todo mês terá sua renda. Com cenário mais estável e rentável, e isso ainda com uma base menor que a do Playstation, aliado a uma coletânea de jogos célebres e consoles com o que há de mais avançado em gráficos, a Microsoft está hoje na vanguarda do mercado de jogos. A pergunta que fica é: A Sony terá fôlego para correr atrás do prejuízo?

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