Engenharia social é um processo complexo, extremamente lento e que não é percebido por pessoas comuns que não observam a realidade a sua volta, apenas vivem como animais racionais, não como seres humanos. Entender a realidade atual do mundo, observar porque vivemos dias tão acirrados e dividos (em teoria) entre "direita" e "esquerda" é exercício fundamental daqueles que querem ser realmente livres de manipulações midiáticas, ou terem sua mente moldada por parentes, amigos ou pessoas que considerem. Para esse exercício vamos tecer os comentários sobre a direita, sobre a esquerda e depois sobre o que está surgindo disso tudo. Finalmente, será revelado o porquê é possível identificar uma via sintética desses dois lados surgindo como a verdadeira Nova Ordem Mundial.
A esquerda é um lado bem mais conhecido do Brasil. Afinal, pelos últimos 33 anos o país foi predominantemente governado por políticas de socialdemocracia ou socialismo mesmo. Esse hemisfério ideológico prega a presença forte do Estado, o assistencialismo, o controle maior da sociedade, de forma a priorizar a segurança coletiva em detrimento da liberdade individual. Há também uma visão econômica mais plana e menos dinâmica, com o Estado garantindo uma base chata mínima ou até igualando salários, congelando preços, atuando de forma a manter os meios imediatos econômicos sem diferenças. Do ponto de vista de valores e princípios, a esquerda observa o Governo Central como o verdadeiro ente a ser admirado e até venerado. Para isso, enxerga religiões e tradições morais como formas de opressão e dominação, assim, busca eliminá-las (seja diretamente com perseguição, como ocorre na China, seja indiretamente, com o gradual desprezo e incentivo ao descrédito do pensamento religioso). Religiões tendem a unir grupos, a incentivar pessoas a não aceitarem o que está fora dos valores da doutrina da igreja. Além disso, famílias também tendem a se unirem quando são oprimidas e quando são perseguidas, por isso também a esquerda busca alternativas que não valorizam a unidade familiar.
A direita por sua vez surgiu de forma mais expoente nos últimos anos aqui no Brasil. É a reação aos fracassos das políticas de governos de esquerda e centro-esquerda que burocratizaram, corromperam e engessaram a máquina pública. Aqui há a valorização das liberdades individuais, dos valores individuais e o respeito ao próximo. Sociedades com esse viés promovem a busca individual pelo sucesso, pelo bem-estar através do trabalho e do acúmulo de riquezas. Assim, a economia é dinâmica, pois há a competição, o que estimula desenvolvimento em todas as áreas. Acredita-se no mercado e na livre iniciativa, e o ideal é o Estado intervir minimamente em salários, preços e interações econômicas. Assim, por ser uma sociedade mais vibrante e ativa, o Estado acaba tendo menos poder, restringindo-se a atividades de defesa, saúde (quando encarada como bem universal), educação (de forma acessória com a iniciativa privada) e outros serviços que não haja interesse privado em atuar. Tradicionalmente, a direita busca conservação da família, tradições e religiões, entendendo que, mudar ou não, é uma escolha individual, portanto cada um opta por preservar sua família, tradições, valores, religião, ou não. O Estado encontra muitas dificuldades de oprimir o povo, pois há diversos núcleos de agrupamentos fortes por ligação familiar, religiosa, por amizades, gostos e diversos outros fatores, além de não ter a musculatura que encontra do outro lado.
Ok, foi dito até aqui o óbvio para quem estuda o mínimo de direita e esquerda. Mas o que se vê hoje? Observo muitas pessoas acusando o Joe Biden de extrema esquerda, enquanto a sua Vice Kamala Harris o chamou de fascista na pré-campanha eleitoral. Trazendo para um exemplo mais próximo, personalidades no Brasil como Sérgio Moro, Henrique Mandetta, João Dória, entre outros, buscam se apresentar como opções que não repitam o desastroso governo petista, mas também não se identificam com a direita representada por Jair Bolsonaro e seus apoiadores políticos. São a conhecida "3ª via". Contudo, observou-se em cada um desses personagens ações de direita e também de esquerda. Inclusive em personagens como Biden/Harris, Macron, Merkel, Johnson. A pergunta é: Por que há esse fenômeno e qual a ideia dos que se encontram nesse "centro"? Teoricamente, agora é oportuno trazer o Construtivismo. Citando Adler (1999), essa teoria entende-se como "a perspectiva segundo a qual o modo pelo qual o mundo material forma a, e é formado pela, ação e interação humana depende de interpretações normativas e epistêmicas dinâmicas do mundo material". Colocando de forma mais clara, é uma forma de enxergar o mundo aonde o homem o forma e é formado por ele, bem como suas ações e interações, e depende tanto da sua compreensão mais direta e objetiva, e também de uma visão mais subjetiva e etérea.
O próprio Adler caracteriza o Construtivismo como "caminho do meio" ou "meio termo" entre visões mais tradicionalistas e objetivas do mundo (as teorias positivistas das ciências sociais que encontram morada em visões mais a direita), e visões mais subjetivas, fluidas e sem padrões (teorias pós-positivistas, que encontram mais afetos na esquerda). Ora, mas então isso é bom, afinal a moderação é boa e traz uma visão mais ampla do mundo. Aí é onde a real intenção construtivista é exposta. Abro espaço para esclarecer que esta será minha visão pessoal do Construtivismo, portanto aqueles afetos a essa teoria devem compreender que trata-se de opinião. O Construtivismo abre porta para a natureza humana oportunista. Isto é, uma pessoa que elabore um plano de engenharia social baseado nessa teoria, se aproveitará junto com seus aliados políticos que a colocarão em prática. Pois, é conveniente demais, em nome do "caminho do meio", em momentos oportunos utilizar-se de medidas autocráticas (contra seus inimigos), fortalecer o Estado (apadrinhando correligionários), cercear liberdades (em momentos que se precisa de maior controle). Já em outras ocasiões, em nome da "liberdade" faz-se vista grossa seletiva para ações bárbaras e agressivas de aliados, evita a intervenção estatal em negócios de interesse, respeita-se valores e normas implementadas que assegurem a manutenção de poder. Alguém já viu isso nos dias de hoje?
Portanto, para convencer uma sociedade inteira que ficar no meio-termo é melhor não é do dia para a noite, pois as pessoas muitas vezes percebem a hipocrisia ou o duplo-padrão de quem segue por esse caminho. Assim o processo de engenharia social é lento, gradual, as vezes leva gerações para ser pouco percebido e não levantar resistências. A atual pandemia chamada de "Great Reset", tem sido utilizada para avançar de forma mais célere as mudanças para a ação construtivista. Sob a desculpa de reconhecer a construção social de visões ontológicas e epistemológicas, de discursos de direita e esquerda, o centro constrói a Nova Ordem Mundial com o discurso que nem direita e nem esquerda são viáveis, mas usa táticas dos dois lados para privilegiar seus aliados e perseguir seus inimigos de forma oportunista. Não consigo pensar em outra frase para definir essas pessoas que não seja essa: "Conheço as tuas obras, sei que não és frio nem quente. Antes fosses frio ou quente! E, por este motivo, porque és morno, não és frio nem quente, estou a ponto de vomitar-te da minha boca" (Apocalipse 3:15-16).
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