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ELEIÇÕES 2018 - Considerações do autor

A eterna vida do brasileiro que é obrigado a escolher e chama isso de democracia.


A dificuldade de escolha de candidatos e o aumento de animosidades entre partidos com pautas progressistas e partidos conservadores tornaram as eleições de 2018 a mais imprevisível e polêmica desde o início da vigência de nossa Carta Magna de 1988. Essa realidade deixa muitos eleitores confusos e é refletida na improvável vitória de qualquer candidato no primeiro turno. Porém alguns questionamentos levantados nessas eleições são extremamente importantes para o futuro do processo eleitoral brasileiro, porém por conveniência ou negligência são deixados à margem do debate. Pontuarei os principais que vejo.


1. Não importa o que ele fez, mas sim o que ele fará


Muitos procuram apagar o passado de seus candidatos em prol de focar no que ele promete fazer. O exemplo mais nítido aqui é obtido com o petista, Haddad. Apesar de o real "candidato" ser Lula, Haddad conseguiu subir vigorosamente nas pesquisas (sem considerar a confiabilidade delas) por se aproximar da imagem do ex-presidente. Porém, Lula é um réu condenado em 2ª instância, rejeitado pelo TSE e ainda assim pessoas votam nele. A despeito das condenações que diversos membros do partido sofreram, outros tantos presos, há muitos fiéis, e esse fato revela algo maior por detrás da simples candidatura de Fernando Haddad. A verdade é que todos sabem que houve sim tráfico de influências, conflito de interesses e tantos outros crimes nos bastidores do poder (e ainda há). Mas o alinhamento não é com um "injustiçado político", um "preso por interesses capitalistas", e sim, um programa de governo baseado numa centro-esquerda social democrata que flerta com o socialismo.


Isso ocorre do outro lado também, tomando como o principal representante dos conservadores, Bolsonaro, que tem sua história política bem longa, e não representa de forma plena uma renovação política, mas representa de fato uma mudança de rumo na área para o Brasil. Um país que abandonará o flerte com o socialismo, bem como o perigo do alinhamento com países falidos como Cuba, Venezuela, etc. Dessa forma, há um delineamento de aliança mais próxima com seu tradicional aliado e algoz, os Estados Unidos. O que dará uma guinada para, ao menos em teoria, um Estado que flertará com o liberalismo econômico. Isso tudo apesar de Bolsonaro ser um estadista, ex-militar e fruto de toda a burocracia estatal dos anos 1970 e 1980.


2. Paradoxos levam a indefinições e desconfiança


Esses paradoxos mostrados acima, nos quais vivem os candidatos com maiores chances de vitória eleitoral, levam à indefinição de votos. Isso faz o percentual quantitativo de votos deles ser abaixo de qualquer possibilidade de vitória imediata no 1º turno. As indefinições aumentam ainda mais com um importante questionamento: Seriam as eleições passíveis de fraude? Nesse polêmico ponto cabe observar o lado que afirma que sim, e o que afirma que não.


Para o governo e as autoridades eleitorais as urnas eletrônicas brasileiras são totalmente seguras com infinitos processos que levam a uma segurança intransponível. aliada à praticidade de se saber a distribuição de votos em algumas horas. É uma verdadeira "mágica" tecnológica que se faz com o apoio de computadores de última geração, tecnologia a prova de folhas e o apoio do centro de guerra cibernética do Exército Brasileiro. Mas será tão bom assim?


Para muitos que apoiam Bolsonaro, não. De fato não há tecnologia a prova de falhas, e o próprio governo dos EUA rejeitou qualquer possibilidade de contabilização eletrônica como é feita no Brasil por ser frágil e duvidosa. Então, estamos tão a salvo assim? Por razões óbvias o TSE jamais irá confirmar que as urnas eletrônicas são passíveis de que um grupo de hackers ou até mesmo um grupo de poder as altere para seu próprio bem, porém de fato, como já foi dito por Dias Toffoli: "Bolsonaro sempre foi eleito pelas urnas eletrônicas".


Por fim, as incertezas e paradoxos que pairam sobre os políticos são ainda mais angustiantes para o eleitor indeciso, e a falta de certeza sobre a credibilidade nas urnas eletrônicas causam ainda mais questionamentos em um processo frágil e imaturo, o processo democrático brasileiro.


3. A mídia é colocada em xeque e a máscara da manipulação cai


Muito se questiona sobre as urnas eletrônicas e sobre a confiabilidade delas. Mas os questionamentos ainda são possíveis serem rebatidos com certa tranquilidade. Porém, algo que parece ter sido desconstruído de vez nesse período pré-eleitoral é a imagem de uma mídia imparcial e isenta. Para quem assiste os programas televisivos e radialistas também, fica nítida a indisposição e total falta de cooperação da mídia brasileira de forma geral (com algumas exceções) ao candidato do PSL. Isso no início era de certa forma velado. Porém, ao ser dado o "start" na campanha, as matérias tendenciosas não tiveram vergonha de aparecer como tendenciosas e ainda aliadas a jornalistas, artistas e apresentadores, quando colocados frente a frente com Bolsonaro, demonstravam o franco desejo de descreditá-lo moralmente, ao invés de discutir propostas para o país de fato.


Quem não lembra da entrevista no Roda-Viva do candidato? Ou na GloboNews? Ou pior ainda, a maior afronta à emissora global, quando Bolsonaro realizou sua entrevista no Jornal Nacional e deixou os entrevistadores quase pulando pela mesa em sua garganta, como esquecer? De fato, o projeto dele justifica a ação beligerante da mídia brasileira, como a redistribuição dos recursos enviados para emissoras, bem como a redistribuição de recursos oriundos da Lei Rouanet (que traz milhões de reais dos cofres públicos para artistas dos mais diversos segmentos, sendo que os que estão iniciando a carreira artística muitas vezes são deixados à margem).


Apesar de ser compreensível a postura midiática, para se colocar como isenta e imparcial, um canal ou emissora, ou grupo de artistas, deveriam deixar o jogo político acontecer e ficar à margem dessas questões, fazendo apenas a cobertura. A falta de gosto pelo ex-capitão do Exército, levou a uma campanha ostensiva de dano de imagem a ele, o que na verdade acabou ajudando-o a subir nas supostas pesquisas de votos.


Pesquisas eleitorais - Estatística ou manipulação?


Pesquisas eleitorais no Brasil, de modo geral sempre retrataram o que as urnas depois comprovaram. Contudo, o crescimento inesperado e vigoroso de Bolsonaro não era apontado há um tempo atrás, e agora no período eleitoral é impossível mais negar essa força da direita conservadora que ele representa. Então, estaria tudo certo, e agora as pesquisas retratam de fato a força eleitoral do candidato do PSL? Não é bem assim. Verdade seja dita, pesquisas eleitorais podem ser altamente questionadas por motivos de estatística aplicada e atividades em campo.


Toda pesquisa, seja ela qual for a intenção, parte do que se chama amostra. Ou seja, é escolhida uma porção de um todo para averiguar esse todo (principalmente quando é muito grande). Porém, quando algo é grande mesmo, como um país de proporções continentais, população altamente diversificada e realidades regionais distintas, realizar uma pesquisa passa a ter um vulto de proporções épicas e um ambiente difícil de obter-se precisão nos dados. Darei um exemplo simples para compreensão:


Imagine que você quer saber se uma determinada pizza é boa, mas não sabe o sabor que ela é, e nem o seu tamanho. Aí, você pega e prova uma fatia de uma pequena pizza de 4 fatias. Terá provado o equivalente a 25% da pizza, certo? Agora imagine o mesmo experimento, com uma pizza imaginária de 20 pedaços. Você só pode pegar um único pedaço. Nesse segundo cenário, terá provado o equivalente a 5% da pizza. Aí, suponhamos que o pedaço que você pegou, estava em boas condições e tinha o sabor de calabresa (minha favorita), porém havia somente mais 1 pedaço de calabresa e o restante eram outros sabores. Apesar de ter pego o de calabresa, não quer dizer que a maior parte da pizza seja desse mesmo sabor. E quanto maior a pizza, mais difícil é precisar seu sabor.

Após esse exercício ilustrativo, pense numa população de quase 150 milhões de eleitores aptos a votar. Aí, uma pesquisa só tem condições de entrevistar algo que fica entre 2 mil e 3 mil eleitores, o que representa 0,001% do eleitorado. Ou seja, é como querer saber o gosto da pizza por um farelo dela. E ainda sem contar a região que a pesquisa é feita, sem contar as possíveis contaminações de dados, e sem contar a possível tendenciosidade imposta pela empresa que administra o instituto de pesquisa. Resumindo, no mínimo questionável os resultados, sendo que em todas eleições desde quando foi instaurada a urna eletrônica, os resultados não variam muito do que as pesquisas apresentam. Quem não achar isso no mínimo estranho, desculpe, mas precisa fazer aulas de estatística e pesquisa.


Opinião do autor


Minha particular opinião que irei compartilhar agora é a seguinte: Eu, no dia 7, votarei 17. Por que? Primeiro que por princípios eu não voto em candidato condenado, pois se queremos acabar com a corrupção, como faremos isso elegendo corruptos? Segundo, de fato percebe-se que no Brasil, de forma muito mais sutil e discreta do que em países como China, Venezuela, Cuba, etc. há uma tendência insistente no modelo socialista, passando primeiro por uma transição socialdemocrata com partidos de centro-esquerda como PT, PSDB, PDT, PMDB, etc. Não estou afirmando que iremos nos tornar plenamente socialistas, porém há uma tendência desses para levar o Brasil a esse caminho, que a meu ver, não é o melhor, pois já se comprovou como modo de produção falido e o qual facilita muito a ascensão de governos autoritários (olha os exemplos de países que dei). Mas Bolsonaro não flerta com o regime militar, com seus generais e militares que provavelmente farão parte do governo?


De fato, percebe-se tal aproximação (que inclusive considero perigosa) com determinados grupos militares. Contudo, observo que ele também possui um ponto de equilíbrio com isso, que é a proposta liberal, o que dificultará uma tomada de poder dos militares (ao menos em teoria) e também prefiro me submeter a um autoritarismo militar capitalista (se é que de fato chegue a esse nível, pois a meu ver é mais um governo centralizador do que autoritário), do que a uma autêntica ditadura socialista ou socialdemocrata, como se vê em especial na Venezuela. Por fim, as propostas socioeconômicas de Bolsonaro, como a privatização de empresas estatais ineficientes, a modernização estatal com menor interferência estatal em alguns assuntos menos relevantes e foco em tarefas primordiais como saúde, segurança e educação, a meu ver é melhor do que o Estado Gigante e lento que temos hoje. Uma máquina que em tudo interfere, torna lento, torna caro e pouco traz em retorno para a população.

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