As divisões que ocorrem na direita são frutos de egocentrismos e tentativas de protagonismo vãs.
A direita brasileira passa por um momento de depuração. Tal situação se deve ao fato de que muitos não aceitam se submeter a uma liderança. Muitos querem o posto para si. Seja por ego, por fama, por status, ou até pelo próprio poder, há muitos agentes com certa relevância (e outros sem tanta relevância assim) que não aceitam que Bolsonaro seja o líder da direita. Mas afinal, por quê?
O fato da direita ser um lado que promove a liberdade, acaba favorecendo ao surgimento de vários grupos menores e com lideranças próprias. Todos esses grupos se identificam em pautas como liberdade econômica, redução de impostos, entre outros. Contudo, há muitas divergências que os líderes não abrem mão, para que seu grupo cresça e outros não os aniquilem.
Em situações assim, há uma possibilidade que muitos não consideraram. Os líderes desses grupos menores, por gozarem de ampla liberdade, não entenderem o jogo político maior contra a esquerda, e desejarem para si algo maior e passar por cima das principais figuras da direita. Foi assim na ruptura do MBL com o governo Bolsonaro, foi assim na ruptura de Sérgio Moro com Bolsonaro, foi assim que muitos apoiadores de Bolsonaro passaram a se tornar odiosos com o ex-Presidente, até mais do que a própria esquerda.
Contudo, pode-se afirmar que não é bom resumir o que se entende como direita em apenas uma pessoa como Bolsonaro, é preciso ter sucessores e outras pessoas alternativas. Para isso, é preciso entender o que é a direita, que resumidamente pode ser definida no slogan: Deus, Pátria, Família e Liberdade. Deus remete à fé cristã, a maior religião do país e que faz parte intrínseca da fundação da nação como sociedade.
Pátria é o amor pelo país, pela nação brasileira e a defesa dos seus interesses. Família é a base social entendida como unidade formada por homem e mulher que possam gerar naturalmente uma descendência. Liberdade é a forma como tudo interage, sem censuras, sem repressão, sem o Estado oprimindo o povo.
Dessa forma, um novo líder pode surgir sem dúvida. Mas inevitavelmente ele deve religiosa obediência a esses princípios basilares do que é a direita. E muitos ditos líderes da direita não são tão afetos a um ou outro desses pilares. Há quem não seja tão fã do cristianismo, há quem não quer que a pátria seja defendida, há quem não concorda com o conceito de família, e há aqueles que não acham que opositores merecem liberdade. De um jeito ou de outro, o caso é que isso gera um cenário caótico.
Assim, não só surgem conflitos de interesses entre as lideranças, mas há uma oportunidade para inserção de elementos infiltrados sem a percepção de muitos. Pois uma casa dividida está fadada à ruína. O surgimento de figuras distintas que não irão agradar a todo o espectro da direita acaba acontecendo. Marçal, Marina Helena, entre outras lideranças que buscam protagonismo acabam aparecendo, mas sem força suficiente para uma vitória efetiva. O que só irá gerar caos e divisão.
Mas a verdade precisa ser dita. Esse fenômeno ocorre porque o atual Presidente Jair Bolsonaro está fraco, está amarrado e amordaçado pelo sistema político atual. Assim, seu apoio a um candidato que não é de direita, como Ricardo Nunes, revela-se um erro sério que abre espaço para oportunistas, ou para pessoas que genuinamente querem mudar para melhor o país, mas não possuem força política para tal. E esse é o atual retrato da direita brasileira.
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