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Editorial: Bolsonaro, como qualquer cidadão, tem o direito de falar asneiras


O compromisso em apontar erros, independente do espectro político-editorial é fundamental para qualquer plataforma ou pessoa que vise transmitir informações. Dessa forma, o que Bolsonaro fez ontem, ao citar a reportagem da Revista Exame, foi pura e simples burrice. Não há nenhum malabarismo estratégico que justifique o Presidente causar mais um drama em torno de uma questão que já está resolvida no seio da população, que é a vacinação contra a Covid-19.


Assim, mais uma vez, o Chefe do Executivo deu munição e armas para seus opositores o calarem, difamarem, xingarem e odiarem. Com diversos jornais, revistas, agências "checadoras" de fato, entre outras instituições midiáticas polemizarem e atacarem Bolsonaro. Com isso, ele não apenas perdeu a chance de focar em questões mais importantes e urgentes (como a economia) em uma de suas lives, como gerou mais burburinho e motivo de mi-mi-mi em uma política dominada por mimizentos oportunistas.


Portanto, por mais que seja possível entender a motivação de Bolsonaro em levantar uma questão que foi tratada em 2020 por meios de comunicação a respeito de um possível efeito colateral das vacinas, ainda assim, é pouco producente realizar a associação feita pelo Presidente. E não apenas isso, como gera mais animosidade e é mais uma narrativa que seus inimigos políticos vão poder ter para "argumentar" contra ele. Contudo, há um ponto que divide uma pessoa ignorante (como Bolsonaro foi no caso), e instituições mal-intencionadas que estão usando a situação que o mundo vive para testar até onde o povo atura o autoritarismo.


O Facebook, sob alegação da fala de Bolsonaro ferir as diretrizes da plataforma quanto a alegações falsas sobre as vacinas, censurou o vídeo e o tirou do ar. Esse ponto (que deveria ser o mais chocante) não o é pelo ranço que a esquerda, hegemônica em meios da sociedade como a academia e grandes corporações, nutre contra o mensageiro da direita que Bolsonaro se tornou. Afinal, as justificativas já estão prontas: "Ele influencia muitas pessoas, por isso não pode falar o que dá na telha", "Bolsonaro fala contra o bem coletivo e a saúde pública", etc.


A questão aqui é que justamente os que "lutaram contra" o regime militar no Brasil, que alegam terem defendido a liberdade de opinião, a liberdade política e a luta contra o autoritarismo, aplaudem desmandos de uma corporação que nem eleita foi para poder dizer o que pode ou não ser dito. Sem mencionar o fato de que o conteúdo da Exame, ao mencionar o mesmo estudo em 2020, não foi em hipótese alguma censurado por qualquer big tech. Todos tem o direito de ser burro em determinado assunto, de desconhecê-lo e falar asneiras. Os fatos e estudiosos da área podem provar com dados o que é mentira ou verdade, não necessitando a censura realizada pelo Facebook.


Quem com gosto aceita presentes perde a liberdade. (Públio Siro - Roma Antiga)

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