Amazônia é um tema complexo, multidisciplinar e custoso intelectualmente. Com essa premissa em mente, reduzir a questão amazônica no Brasil a um mero jogo de culpar quem é o culpado pela sua queima é como querer analisar o mundo e como ele funciona a partir de uma única ótica de um único grupo referente à uma única população em um determinado espaço geográfico ignorando a vastidão do planeta. A Amazônia é, inquestionavelmente, uma fonte riquíssima de recursos naturais abundantes e valiosíssimos seja financeira ou intelectualmente. Isso traz sim olhos do mundo inteiro para a maior floresta preservada da humanidade e o último paraíso com áreas ainda nem pisadas pelo homem e sua "fome insaciável de recursos" - usando um jargão ambientalista.
A pergunta fundamental é: Como usar os recursos da Amazônia sem destruir esse patrimônio? Como afirmado inicialmente, é uma abordagem necessariamente multidisciplinar que passa por toda parte técnica científica, não desrespeitar, no bom espírito democrático, os anseios das populações locais, e também observar o Direito Internacional sobre o uso da região, e consequente escolha de modelo de exploração, além da geopolítica global envolvendo a Amazônia.
Do ponto de vista técnico e científico, é inegável que a Amazônia abriga o futuro da humanidade, seja em recursos naturais e minerais, ou uma vasta vegetação intocada com princípios ativos de remédios, os quais poderão avançar ainda mais tratamentos diversos para mazelas humanas. Não apenas isso, mas um ponto fundamental são minérios de alto valor e cada vez mais escassos em outras regiões, como ouro, pedras preciosas, ferro, e o famoso nióbio (metal com propriedades excelentes que não vem ao momento elencar). Contudo, há também o desafio técnico de usar os recursos oferecidos pelo solo amazônico sem acabar com a floresta, e esse é o ponto ainda carece de maiores esclarecimentos por todos que anseiam e trocam acusações sobre como melhor explorar a região.
A técnica precisa de regras que a regule, e para isso há o Direito. Quero focar no Direito Internacional aqui, já que a Amazônia suscita discussões entre vários países. Existem acordos internacionais para serem respeitados (aqueles possuidores de caráter vinculante por serem absorvidos pelo ordenamento jurídico interno através do Congresso Nacional). Um bom exemplo disso é o famoso "mercado de carbono", no qual o Brasil é o maior credor mundial por justamente ser o país com maior abundância de florestas preservadas e aliar a isso uma matriz energética pouco geradora de gás carbônico. Além disso, o famigerado Fundo Amazônico, abastecido até recentemente por recursos europeus, traz também obrigações entre as partes. Basicamente, o Brasil usa recursos para financiar a preservação dos biomas e os países e empresas europeus financiam. Mas, acusações do atual Ministro do Meio Ambiente denotaram que os recursos prometidos pelos países não estavam sendo entregues conforme informado incialmente, e, obviamente, isso gera a desobrigação também da parte brasileira. Some-se a isso o fato do Brasil ser um Estado-Nação com soberania dentro do seu território, ou seja, segundo suas leis deve agir em benefício da sua população e defendê-la segundo seus interesses, não segundo atores externos.
O Direito é o mundo ideal. É o lugar onde as regras são respeitadas e se não forem respeitadas há as devidas sanções. Porém, a Geopolítica é o choque de realidade. Apesar de acordos e de normas, essas não estão ali a toa. A regra não é colocada de forma inocente, mas sim pela torpeza e malícia humana. E ainda assim, regras podem ser burladas, contornadas ou até quebradas em último caso. Na questão da Amazônia, há um grupo de países europeus pressionando financeiramente Brasília para ceder às observâncias do Velho Mundo. Interesses desde o acesso aos valiosos recursos amazônicos, e também à dificultar a vida do agronegócio brasileiro (que compete diretamente com o europeu e norte-americano). Não bastasse isso, atualmente há no Brasil um governo antiprogressista (ou leia-se anti-eurocentrismo). O governo Bolsonaro (como o governo Trump nos EUA) incomodam muito uma Europa mimada, cada vez mais fechada em seus privilégios e preguiça (e o resultado é a insolvência previdenciária atual de alguns países), além da sua dependência de recursos externos para manter um alto padrão de vida egoísta. Esse incômodo é originário na não subserviência a uma visão progressista de mundo, estabelecendo um posicionamento contrário a certos avanços sobre a liberdade individual em nome do famoso "bem maior" e prezando por valores morais e éticos que, na visão eurocêntrica, servem apenas para atrasar a humanidade no seu progresso.
Após todas essas considerações, aceite um conselho de quem já morou na Amazônia: PARE DE ACREDITAR NO QUE UM JORNALISTA FALA, SÓ POR ELE SER JORNALISTA. Investigue, averigue uma notícia, ouça quem fala contrariamente à notícia, e tire suas próprias conclusões. Não terceirize sua inteligência. A Amazônia é uma floresta incrível a ser preservada. E tanto hoje, como nas últimas décadas (desde quando a questão amazônica ganhou notoriedade), há falhas sim na sua preservação. Desenvolver a região sem agredir a floresta parece uma solução ainda mal resolvida, o que deve levar a um governante prudente sempre optar pela preservação. Todavia, não se deve negar a necessidade de uma solução sustentável para a região. Porém, essa deve ser feita em conjunto pelos países amazônicos (Brasil, Equador, Colômbia, Venezuela, Peru, Bolívia, Suriname e Guiana), não por grupos exteriores à região e é preciso que todos esses países convertam o uso da floresta em bem-estar e desenvolvimento socioeconômico sustentável para a população local. Portanto, a Amazônia brasileira deve sim ser preservada nos termos do governo brasileiro (eleito democraticamente) e não por interesses externos e colonialistas.
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