É preciso revisitar a estratégia adotada até então pela direita nas CPIs e tentar compreender os movimentos que envolvem os desgastes do governo e a paralização de pautas.
A CPMI do 8 de janeiro era um terror para o governo. O PT fez de tudo para barrar, impedir, postergar a comissão que investiga os atos de vandalismo ocorridos em Brasília. Essa realidade foi vista nitidamente por todos. Essa é uma vitória da direita brasileira, a exposição de como o governo estava envolvido com os atos e tentou acobertar. Mas, agora, iniciados os trabalhos, o esforço do PT não para e ele acoberta cada vez mais um dos principais agentes da armadilha. Só que o foco petista e a artilharia voltada para essa CPMI, pode trazer a oportunidade da implosão de um dos pilares da esquerda no país, os movimentos sociais patrocinados de forma obscura.
A blindagem do governo e de seus integrantes era um movimento esperado. Afinal, a bomba que seria a comprovação dos envolvimentos do primeiro escalão do PT na leniência e omissão em evitar o vandalismo é algo muito sério por atacar diretamente os mais próximos a Lula. Dessa forma, uma vez a derrota da instauração da CPMI imposta ao governo, esse, por sua vez, adotou como única estratégia possível a dominação de uma comissão que poderia ser capital para si. Mas, o jogo político está longe de acabar com apenas essa comissão.
Há a CPI do MST. Essa investiga as relações, financiamento e ações do movimento que são obscuras e até podem envolver organizações de fora do país como FARC, e outras guerrilhas de esquerda na América do Sul. A comissão tem o poder de implodir politicamente um dos pilares da esquerda que é os movimentos sociais. As investigações de possíveis subornos de pessoas para participarem de manifestações, de protestos, e até para serem membros de movimentos, tudo isso tem levantado muito alvoroço dentro do MST e dado munição para a oposição atacar fortemente o movimento.
Mas além da comissão que investiga o MST, há uma CPI igualmente pesada contra a esquerda que está para ser instaurada: a CPI das ONGs. O terceiro setor é forte no Brasil e conta com centenas de milhares de entidades que supostamente buscam resolver problemas sociais, ambientais, entre outros. Contudo, muitas dessas instituições são financiadas por agentes externos ao Brasil e atendem a agendas que não são, necessariamente, de interesse nacional. Além disso, são fortemente instrumentalizadas por ideologias políticas de esquerda e muitas agem com táticas que geram danos ao país.
Portanto, o que se observa é que uma estratégia de saturação política da oposição está em curso no Congresso Nacional. Isso tem impedido e paralisado pautas de esquerda e progressistas no Legislativo. E, em um cenário no qual a direita está se reagrupando após 2022, a contenção de danos é fundamental para segurar o ímpeto de início de governo. Finalmente, se surtirá efeito, o tempo dirá. Contudo, o esforço do governo para impedir as comissões acusa que não é interessante para seus planos.
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