Bolsonaro com a política austera de Paulo Guedes e as privatizações de estatais, aliando isso aos investimentos em infra-estrutura, logística, é a opção ideal para o crescimento econômico do Brasil, ainda mais com a nova política econômica expansionista de Joe Biden.
Pensar em Joe Biden e Jair Bolsonaro, é imaginar uma relação de amor e ódio. Pois são os líderes das duas maiores democracias ocidentais, porém com visões distintas. O primeiro é um progressista do Partido Democrata (esquerda norte-americana) com tendências a uma distensão com a locomotiva chinesa. O segundo é um conservador, Bolsonaro é o expoente de maior influência do conservadorismo ocidental atualmente, e uma das figuras de direita mais poderosas após a saída de Trump, e com postura mais combativa ao imperialismo chinês.
Contudo, a reflexão a ser feita focará apenas no cenário de médio prazo e na visão econômica. Biden adotou uma política monetária expansionista que promete afetar o mundo todo (se já não está afetando). Bolsonaro por sua vez adota uma linha ortodoxa com o Super Ministro Paulo Guedes. Porém nenhum dos dois são radicais em suas políticas econômicas. Entenda o porquê esse cenário será bom para o Brasil nos próximos 3 anos (considerando que Bolsonaro se mantenha no poder em 2022).
Biden, ao ser eleito, anunciou um pacote econômico expansionista de mais de 1 trilhão de dólares. A ideia do democrata é usar a mesma lógica no pós-1929. Retomar a economia com uma política monetária expansionista. O que seria isso? Injetar dinheiro na economia de forma mais contundente. Políticas de promoção de bem-estar com apoio estatal, incentivos fiscais, abundância em auxílios para classes mais pobres. Mas isso vem a um custo, e a política econômica é lastreada com o aumento da carga tributária. Em resumo, é tornar o Estado mais forte em detrimento da iniciativa privada para não deixar a economia parar.
Bolsonaro, desde 2018, segue em sentido oposto, e mesmo com a pandemia busca manter sua linha econômica ortodoxa. Paulo Guedes, Ministro da Economia, é o homem do cofre. Ele que guia a política econômica do Brasil, pautando ao máximo em sua visão liberal e de contenção de gastos. Assim, há resistência à tentação maior em implementar as mesmas medidas adotadas por Biden, que inundariam o mercado com reais. Contenção de gastos, parcerias público-privadas para promoção de obras e da infra-estrutura, remoção de incentivos fiscais e racionalidade nos auxílios aos mais pobres. Isso abre espaço para, mesmo em um cenário de crise, o governo não precisar realizar aumento da carga tributária. Em resumo, o Estado deixa a economia girar mais livremente.
Mas por que essas duas realidades, no médio prazo, trarão frutos ao Brasil? Para isso é preciso entender que o mercado de capitais, na sua essência funciona como qualquer outro. Há um ativo, e há os compradores. Quanto maior a oferta do ativo, menor seu valor, pela disponibilidade no mercado. Quanto maior a procura, maior seu valor, pelo desejo. Os EUA, ao implantar uma política econômica expansionista, ou seja, ao inundarem o mercado com dólares, naturalmente desvalorizarão sua moeda. Já o Brasil, com a ortodoxia de Guedes, conterá a quantidade de reais na economia, o que fará a moeda brasileira valorizar.
Mas pensar que viveremos os dias nos quais o dólar valia 2 reais é algo muito improvável. Afinal, fala-se da moeda da economia mais forte do mundo, e do outro lado um país que foi devastado por uma década de expansionismo monetário, no caso do Brasil. Há divergências entre os especialistas sobre o novo patamar do dólar, contudo sabe-se que, com a nova política de Joe Biden, a moeda americana deverá retroceder nos próximos meses ante ao real. Isso ocorrerá caso Brasília mantenha sua linha ortodoxa, promova as reformas econômicas estruturantes e continue incentivando a modernização da infra-estrutura local.
Ok, mas isso é necessariamente bom para o país? Tomando como referência os problemas econômicos advindos com a pandemia, sim. Afinal, o real mais valorizado, aliado a um juros maior (promessa do Banco Central com o reaquecimento da economia) trará tanto mais capital pelas bolsas de valores, quanto pelos investimentos externos diretos (IEDs), que verão retorno maior em investimentos produtivos locais com a valorização do real. Ainda mais com a retomada da economia, possibilitada pela vacinação da população e o fim das medidas de restrições em face à pandemia. Cabe ao Brasil aproveitar o momento e seguir em frente com uma política fiscal rígida e incentivar o influxo de capital produtivo.
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