top of page

Bem-vindos à Nova Ordem Mundial - Política Global: O fim do Estado Moderno

Updated: Jul 19, 2021


Não há como mensurar qual campo será mais complexo para a integração global, mas sabe-se que sem uma política una e centralizada em uma autoridade mundial, é impossível haver a instauração da Nova Ordem Mundial (se quer saber o que é, leia o artigo Bem-vindos à Nova Ordem Mundial - Um ensaio sobre o futuro da humanidade). E antes que se pense que um governo global seria livre dos males que afligem os Estados Modernos atuais, isso não ocorrerá. O que se pode vislumbrar é um perigoso caminho rumo a um regime tendencioso ao autoritarismo, vigilância constante, corrupto e que se colocará na mesma posição que uma divindade. A despeito de pressões e dissidências internas que serão esmagadas, o Estado Global surgirá como uma versão pós-moderna e muito mais capaz do temido Leviatã de Thomas Hobbes quando idealizou o Estado Moderno.

Como se pode chegar a essa conclusão? Uma parte da resposta jaz na mente corrupta do ser humano. Contudo tal ponto será abordado num artigo futuro dessa série sobre a ética humana da Nova Ordem Mundial. No momento vamos nos ater aos fatos até então. A ONU é o protótipo de um governo global. Com suas agências e capital angariado dos países que fazem parte, a organização consegue implementar políticas supranacionais (mesmo que ainda sujeitas à soberania de cada Nação). Contudo, não é prudente superdimensionar a capacidade dessa instituição multilateral. Decisões unilaterais principalmente de nações poderosas são reais e ainda muito praticadas sem que o órgão possa ingerir nas suas decisões (ainda mais quando envolve segurança e defesa do Estado). Mas a ONU é o mais próximo experimento globalista que se tem de um governo da raça humana. Entretanto, antes de continuar, cabe destacar o que quer dizer o termo "globalismo" e entender melhor seu conceito.

O globalismo em si é um conceito que pela sua amplitude ao longo das atividades humanas possui vastidão e complexidade. Mas num esforço tremendo em sintetizar a semântica do termo, "globalismo" pode ser entendido como uma ideologia que defende a união da raça humana em torno de uma única autoridade mundial para governar o planeta Terra como um todo. Nesse sentido, Steger, Goodman e Wilson, autores da obra Justice Globalism: Ideology, Crises, Policy (2013) afirmam que "The chief codifiers of the market globalism have been networked transnationally elites...". Traduzindo livremente, os autores atestam que os líderes do globalismo de mercado (que defende cada vez mais a fusão de mercados dos países), têm conectado elites transnacionalmente. Logo, se há uma vertente globalista focada em mercado, e registros de que os líderes desse grupo conectam as elites mundo afora, o argumento usado, o qual afirma ser o globalismo uma "teoria da conspiração" é uma falácia e falta de conhecimento teórico-intelectual. Aliás, muitos da mídia, mas infelizmente muitos acadêmicos de ciências sociais do espectro centro-esquerdista gostam de monopolizar a verdade e aquilo que vai de encontro aos seus interesses é invalidado com termos como "teoria da conspiração", imaginação pura, invenção, apenas por ser contrário.


Definido o globalismo (de forma sintética e para os fins deste ensaio), é possível retornar à ONU que é o fruto da gênese de um projeto de autoridade supranacional, oriundo do pós-guerra nos anos 1940. As Nações Unidas é um órgão limitado pela soberania dos Estados-Nações que fazem parte da organização. Muitas vezes suas decisões são meramente simbólicas, outras vezes são desrespeitadas sem pudor, por interesses das autoridades constituídas (democraticamente ou não) em cada nação. Além disso, também há muitos questionamentos sobre as pessoas que compõem o organismo multilateral, pois não houve nenhuma eleição ou escolha popular, tampouco uma imposição de uma autoridade mundial constituída. São simplesmente burocratas que por motivos bastante cinzentos estão em posições que possuem um poder considerável mundo afora (principalmente relativos a Estados mais afetos ao multilateralismo como o Brasil). Consequente a essa realidade, a ONU sofre de uma perda de legitimidade e respeito em diversos países pelo fato de que suas políticas que buscam (em tese) benefícios à humanidade, não apresentam resultados práticos, e a instituição acaba (na visão da população em geral) como uma versão 2.0 da fracassada Liga das Nações.


Após apresentado o fracasso do Sistema ONU, chega-se ao ponto crucial do projeto globalista: É necessária uma autoridade de fato supranacional para implementar a política defendida em prol da humanidade, e salientar a necessidade de todos se unirem como um único povo ao redor de um único governo. Isso ainda é alvo de forte resistência dos Estados-Nações por razões óbvias, afinal deixariam de ser autoridade máxima para serem uma espécie de unidade pertencente a uma Federação Terráquea, e nenhum ser humano que detenha poder deseja perdê-lo de graça. Contudo, a corrente globalista tem ganhado força em cima de problemas transnacionais que os Estados Modernos não são capazes de resolver por terem premissas que os impedem de fazê-lo. Ora, falar que os EUA precisam mudar sua matriz energética altamente dependente de petróleo e energia nuclear para uma árvore mais limpa com o uso extensivo de energia solar, eólica, biomassa, etc, em prol de salvar o planeta e países do outro lado do mundo menos capazes, dentro da ótica do Estado Moderno, é impensável. Washington deveria pensar nos seus cidadãos, na sua lei e nos seus territórios e não em pessoas de outros países.


Observado o choque entre Estado Moderno e o Novo Estado de uma federação global, esse poderá muito bem se legitimar como quem quer resolver os problemas para todos os seres humanos, que as pessoas deveriam ver o próximo como um irmão de raça (humana) e todos precisariam unir-se como um povo, um planeta, uma humanidade, um país humano. Quem observa filmes e músicas já deve ter visto esse discurso implementado através do poder cultural nas mentes das pessoas. Não é a toa que meio-ambiente, fluxos migratórios, guerras, educação, saúde, fome são pontos que a ONU busca atuar fortemente mostrando que são problemas que vão além das nações. E para manter as conquistas desse governo global, é fundamental a vigilância de ameaças. Logo um elaborado e complexo sistema de vigilância é indispensável (basta pensar que são mais de 7 bilhões de pessoas mundo afora), o que ja se percebe de certa feita hoje com monitoramentos de câmeras, reconhecimento facial, rastreamento de atividades virtuais em redes, virtualização monetária que facilita também traçar e rastrear finanças.


Apesar disso, no campo das Relações Internacionais, fala-se apenas em cooperação entre os países e a hipótese de Supranacionalismo é deixada de forma marginal no debate. Porém é de conhecimento que colocar nações com objetivos distintos para cooperarem mostra-se uma tarefa praticamente impossível ou até exploratória de quem é mais capaz para com quem é menos capaz. E não haverá nenhuma coerção ou monopólio do uso da força entre as partes para equalizar a relação. Como legitimar que uma pessoa no Brasil gera ameaças à Europa por "prejuízos a um patrimônio como a Amazônia"? Ou um hacker chinês que pode desmantelar uma rede de controle de tráfego aéreo nos EUA? E muitas outras ameaças poderiam ser levantadas. Talvez pela sua mocidade, o campo das Relações Internacionais, ainda esteja começando a avaliar essas consequências que poderão levar a um futuro de uma humanidade unida sob um único governo.


Finalmente, pensar esse governo é épico e temeroso. Experiências democráticas do mundo (repúblicas e Estados parlamentaristas) sempre focam o poder em uma pessoa. Por mais que haja Três Poderes (conforme Montesquieu), e ainda o "império da lei", sabe-se que o líder do Executivo (em repúblicas presidencialistas) ou o líder do Legislativo (no parlamentarismo) gozam de autoridade e forte poder no Estado. Contudo, transporte essa estrutura (caso a humanidade dê sorte de não experimentar uma ditadura global) para um nível supranacional. Caso o Chefe de Governo deseje implementar medidas que possam inclusive mudar o estamento para um regime autocrático, quem irá pressioná-lo? Qual autoridade além ou equivalente haverá para questioná-lo? Mesmo que existam nessa hipótese "instituições sólidas" para combater o autoritarismo desse suposto chefe, há um detalhe que ainda não foi mencionado aqui: O que foi dito por Steger, Goodman e Wilson: As elites locais que são organizadas pelos "chief codifiers of the [...] globalism". Pensando que há uma elite maior que coordena as elites locais, não é necessário um exercício de raciocínio lógico custoso para imaginar que essas elites poderão ditar regras de forma muito mais fácil e com menos oposição em um governo mundial instituído. E mesmo no caso de serem questionados, poderão lançar mão de medidas autocráticas para manutenção do establishment. Assim, a tal "teoria da conspiração", deixará o papel e será uma realidade cruel conspiratória contra o povo.

Comments


bottom of page