Entenda como a rivalidade entre direita e esquerda está sendo usada para minar as soberanias nacionais e o alinhamento político entre países.
O mundo não funciona mais como vários países separados. E a rivalidade global entre direita e esquerda é um forte instrumento para isso. Não entendeu? Para compreender, é preciso primeiro um passo atrás da briga diária sobre política e abrir mão de paixões e sentimentos (tarefa nada fácil atualmente). Desde alinhamento político-ideológico entre espectros políticos de nações diferentes, até interferências mútuas nas políticas internas demonstram como que o mundo diminuiu drasticamente o número de nações efetivamente soberanas.
Direita, anarquia, conservadorismo, liberalismo, socialdemocracia, socialismo, comunismo, esquerda. Tantas ideologias incrustadas no Ocidente atualmente, e nunca se viu tanto os posicionamentos político-ideológicos tão alinhados. Exemplos são fartos: A esquerda progressista forte em França, Alemanha e Reino Unido se alinham com os Democratas dos Estados Unidos, o Partido Liberal do Canadá e a esquerda identitária brasileira, traduzida em partidos como PSOL, PV, PCdoB e PT. Já a direita mais conservadora ou libertária é vista forte nos partidos Fratelli d'Italia, Republicanos dos EUA, o libertário argentino La Libertad Avanza e o movimento bolsonarista no Brasil.
Há também os insossos liberais que, ora se alinham com a esquerda, ora com a direita, conforme a conveniência política. Aqui se enquadram os não-alinhados nos EUA, o Movimento 5 estrelas na Itália, a atual frente partidária que disputa as eleições argentinas conhecida como Juntos por el cambio da candidata Patrícia Bullrich. No caso do Brasil há dois expoentes dessa área: os outrora tidos como direitistas, tucanos do PSDB e os seus herdeiros políticos, o Movimento Brasil Livre (MBL). O que torna todos esses movimentos irrelevantes ou pouco competitivos no atual cenário político dos países, é justamente o uso do acirramento político como ferramenta de alinhamento ideológico no Ocidente.
Ora, mas e como o Oriente fica nisso? Bem, a Eurásia já definiu sua vida tem tempo, e é por isso que ganha cada vez mais terreno frente ao Ocidente. Os países euroasiáticos não possuem muito espaço para disputas políticas, uma vez que sua vocação é autoritária, e o seu centro gravitacional político assim o determina: a China. Da mesma forma como essas diferenças políticas no Ocidente estão sendo usadas para alinhamento político entre nações, as diferenças de visões mais autoritárias e mais republicanas têm sido promovidas em ambos os lados. Assim, vê-se países paradoxais, como no caso do Brasil, que é, em tese, uma república federativa com regime democrático, mas ultimamente observa fortes protestos por liberdade. E também há países que se autodenominam democracias, mas possuem processos eleitorais opacos como Venezuela, Rússia, e muitas repúblicas democráticas na África e na Ásia. Já os chineses, por sua vez, experimentam como é difícil manter uma população sob um regime de ferro comunista, mas com uma economia capitalista.
O fato é que todos esses eventos políticos mundo afora estão minando a soberania das nações, e muito de forma voluntária das populações. Em 2022, nas eleições brasileiras, a esquerda vibrou com a vitória de Lula, que só foi possível graças à interferência dos Estados Unidos (algo já tratado em artigos de grande repercussão nos EUA). E a direita brasileira também busca refúgio nos Republicanos americanos, e também se une ao Fratelli d'Italia, ao La Libertad Avanza. Ou seja, funcionam como verdadeiros alinhamentos políticos em uma espécie de federação com vários estados. Observar essa realidade atual na política mundial é crucial para compreender os fenômenos que ocorrem, e entender que muito disso pode ser usado por um futuro governo global.
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