Toda história sobre o antagonismo de dois lados tem duas histórias. A verdade jaz no meio disso. Entenda a versão da guerra da Ucrânia sob os olhos russos e ucranianos.
Se busca a velha versão de que os russos fomentaram movimentos separatistas na Ucrânia, esse texto não é para você. O Sociedade Inteligente abordará as versões de ambos os lados do conflito que explicam suas causas. Para os ucranianos, sim houve fomento russo de separatistas para desestabiliar o governo do Presidente ucraniano, Zelensky. Porém há também alegações sobre a aliança em formação com o Ocidente e o país forte que a Ucrânia começou a se tornar.
Mas há também a versão russa da história. O Kremlin observa que a Ucrânia foi criada como um estado que não existia anteriormente à Revolução Russa de 1918, e foi criado por Lênin como concessão para agradar revolucionários locais e se manter no poder. Além disso, na atualidade, os russos acusam grupos paramilitares neonazistas dentro da Ucrânia que atacaram e mataram russos e ucranianos simpáticos à Rússia, em um movimento ultranacionalista contrário à influência de Moscou.
A Guerra aos olhos da Ucrânia: Uma invasão russa para manter o seu quintal sob seu domínio.
A Rússia realizou uma invasão para derrubar o atual governo de Volodymyr Zelensky e estabelecer um governo fantoche pró-Kremlin. Assim como na Bielorrússia, onde há um governo autocrata a favor de Putin, os russos visam a derrubada do Presidente eleito Zelensky para a implantação de uma autocracia de seu interesse, além de tomar as regiões do Donbass e torná-las duas repúblicas "independentes".
Com a aproximação da Ucrânia com a União Europeia, o bloco Ocidental começou a se aproximar perigosamente da maior fronteira ocidental da Rússia. Além disso, Kiev começou a ter conversas com a OTAN para aproximar-se da aliança militar, já sabedora de que Moscou não era nada contente em não ter um governo aliado no país. A invasão e anexação da Crimeia em 2014 foi o primeiro passo geopolítico russo para os eventos que são vistos hoje. E os ucranianos sabiam disso, o que os levou a buscar ajuda no Ocidente para manterem sua independência de Moscou.
Assim, Putin não deixou esse "casamento" se concretizar e interveio diretamente com o reconhecimento das Repúblicas de Logansk e Donetsk e as ações para depor o governo de Zelensky. As acusações de ultranacionalismo e extremismo à direita são desculpas feitas para justificar ao público interno e aliados as ações tomadas contra o governo eleito democraticamente. Por ser inferior militarmente, os ucranianos visam resistir e vencer a guerra pelo cansaço russo, ou resistir até que uma ajuda efetiva do Ocidente chegue.
A Guerra aos olhos da Rússia: Salvar russos de extremistas neonazistas em ação na Ucrânia e depor o governo fantoche do Ocidente.
A Ucrânia é um governo fantoche do Ocidente para chegar até às portas de Moscou. Após a revolução no país que depôs o governo mais alinhado com a Rússia do ex-Presidente Viktor Yanukovych. Esse era aliado dos russos e mantinha as interferências ocidentais afastadas da fronteira, inclusive sua recusa a ingressar em um acordo com a União Europeia. Grupos revolucionários neonazistas violentos surgiram na Ucrânia e o depuseram em 2014.
Após a saída de Yanukovych, sucederam presidentes fracos e alinhados com os interesses ocidentais. Um sentimento de maior independência dos laços com a Rússia surgiu e assim, russos que viviam (e vivem) na Ucrânia passaram a ser hostilizados, agredidos, perderem negócios e até mortos. As ações foram executadas por grupos ultranacionalistas ucranianos que nunca foram julgados ou sequer foram a julgamento por isso.
Putin em seu discurso de reconhecimento da independência das Repúblicas de Donetsk e Lugansk, fez um traçado histórico que remontou à época dos czares, quando a Ucrânia pertencia ao Império Russo. A Revolução de 1918 gerou inquietação e a possibilidade de desintegração das regiões do novo regime que estava sob controle agora dos bolcheviques. Assim, Lênin para não perder o controle, permitiu a criação de repúblicas que viriam a ser a URSS, com a finalidade de se manter no poder, reconhecendo a independência, desde que com o alinhamento total aos soviéticos.
Essa ideia trouxe justamente o sentido de que a Ucrânia "era para ser russa", mas por um erro dos soviéticos, tornou-se um país independente. Isso traz a ideia de um país criado artificialmente para atender uma finalidade externa. Portanto, a intervenção da Rússia na Ucrânia não seria apenas uma defesa de etnias russas no país, mas algo legítimo pelo histórico de proximidade com Moscou e não com o Ocidente.
Essas são, resumidamente, as duas versões dos motivos que levaram ao conflito atual. A verdade está no meio dessas histórias contadas. Acompanhe o Sociedade Inteligente no Twitter e Facebook para mais textos.
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