A eleição de uma esquerda mais radical do que nunca nos Estados Unidos traz dez lições para a direita do Brasil aprender para 2022.
Aprender com erros alheios é uma virtude que deve ser cultivada para evitar as situações ruins que outros vivem, na sua própria vida. A direita no Brasil assistiu de camarote essa semana as eleições dos Estados Unidos que deram a vitória eleitoral a Joe Biden (Democrata) em cima de Donald Trump (Republicano). Ao ver tudo que ocorreu ao longo do período de campanha e também o drama nos últimos dias, a direita brasileira precisa aprender logo como se consolidar como uma força real e ativa, para fazer frente à hegemonia progressista instalada há décadas. Então vamos aprender com os 10 erros cometidos pela direita americana:
1. Achar que a esquerda perdeu nas últimas eleições
Pensar que em 2018 Bolsonaro derrotou a esquerda é o mesmo erro que os seguidores de Trump cometeram em 2016. Enquanto pensadores, filósofos, empresários multibilionários, influenciadores, políticos e magistrados de esquerda detiverem maior apoio e poder econômico, midiático, social ou cultural, a esquerda continuará ditando as regras, independente de quem for o presidente. Portanto, você que é de direita e tem um ofício, busque não ser bom, mas ser excelente para ter seu espaço de conforto no qual poderá influenciar pessoas de forma positiva e abrir os olhos da massa social a sua volta.
2. Eleger Presidente sem eleger congressistas
Apesar de nos EUA haver uma distribuição saudável entre Legislativo e Executivo com os republicanos governando o Senado e os democratas a Câmara Legislativa, a vida de Trump seria mais fácil se ele detivesse ao menos uma quantidade de deputados que pudessem fazer frente às propostas dos opositores. No Brasil a situação é pior. Bolsonaro luta contra oposição na Câmara e Senado, e para conseguir governar teve que ceder seu governo temático para a velha coalizão que envolve o corrupto centrão. Portanto, em 2022 não vote só em Bolsonaro, mas em quem apoiará de fato a ele.
3. Bater de frente incisivamente contra o sistema
Trump não modificou apenas a política dos EUA, mas o próprio partido republicano, deixando um legado que dará trabalho aos democratas. Contudo, sua derrota foi justamente uma reação do establishment a uma mudança radical da política e economia que tiraria de forma brusca a influência esquerdista em áreas cruciais da sociedade norte-americana. Aqui, Bolsonaro parece ser mais ponderado que Trump. Ao contrário de seus seguidores mais aguerridos, o Presidente brasileiro tem negociado e não levado a ferro e fogo muitas questões (como a base mais fiel dele desejaria), porém não deixa de avançar pautas da direita.
4. Não seja puritano ou santo demais
A política é uma (se não a) disputa humana mais suja e baixa que existe. Afinal o que está em jogo é o poder. Portanto, querer um governo totalmente limpo e sem malícia no jogo político é como querer que uma criança jogue pôquer numa mesa de homens fumando charuto e bebendo uísque. As acusações que pesam sobre o filho de Bolsonaro, Flávio, são graves e precisam ser apuradas. Contudo, é do jogo político o lado opositor fazer de tudo para derrubar o adversário. Por isso que as denúncias ainda não comprovadas contra o Senador do RJ tem sido enfatizadas por quem é oposição, sendo que lá, tanto PT quanto PSDB e outros já possuem uma extensa ficha criminal. Do ponto de vista puramente político (não envolvendo ética), isso não é ruim. Pois há sujeiras para todos os lados, e a direita conta com um Presidente que é ser humano assim como sua família, passíveis de erros. O que não pode é (como feito pelo PT) no caso de confirmação e punição das denúncias, continuar insistindo na inocência do réu.
5. A falta de união do lado de cá
Trump alegou após os protestos de recontagem (em sintonia com seus eleitores) a falta de apoio do Partido Republicano nas ações contra as possíveis fraudes eleitorais e ações violentas dos eleitores democratas. Isso se deve porque desde o começo da caminhada do magnata rumo à presidência, muitos republicanos não concordaram e até foram expressamente contra sua candidatura. No Brasil, o racha da direita começou quando políticos que usaram Bolsonaro como plataforma para se elegerem, passaram a criticá-lo de forma veemente, porém também não se identificaram com os petistas ou a esquerda mais radical. A dita "direita do selo azul" colocou-se na verdade em uma posição social-democrata de centro esquerda contra as posições liberais e conservadoras de direita do governo. Portanto, é preciso sim reagrupar a base e preparar para o embate de 2022.
6. Achar que a resposta truculenta e as "mitadas" sempre são boas
Isso é do estilo tanto de Trump quanto de Bolsonaro, a truculência, a rispidez, o uso de termos fortes e carregados, além de falar na lata sem meio termo. Contudo a prudência e sabedoria precisam também serem praticadas por um bom político que saiba o momento de se conter (por mais difícil que seja, e a esquerda quer sim provocar para depois se fazer de vítima) e o momento de extravasar e soltar a famosa "lapada". Bolsonaro é mais incontido que o presidente dos EUA, e fez bem em parar de dar entrevistas acaloradas na frente do Palácio da Alvorada, contudo precisa se controlar também quando provocado por opositores e pensar bem antes de falar.
7. A derrota eleitoral do Executivo não signfica que o jogo está perdido
Por mais duro que seja ver o outro lado vencer, a direita precisa entender que não é ela que é autoritária e desrespeitadora das regras. Portanto, a derrota na democracia faz parte e é preciso tirar as lições como estou fazendo agora. Logo, não quer dizer que a derrota de Trump é o fim de tudo. Obviamente que é um cenário ruim e muitos avanços contra o globalismo e progressismo intolerante e desenfreado serão perdidos. Mas é o jogo. E quando alguém de direita quer subverter as regras e passar por cima para ganhar, não poderá ser chamado mais de direita. Pois o conservadorismo prega o respeito às instituições, às tradições e ao próximo. É sim mais difícil não poder usar os atalhos violentos da esquerda, mas é por isso que a direita precisa sempre ser melhor e estar acima disso.
8. Não seguir com os planos, objetivos e projetos estabelecidos
A despeito de que Trump foi o melhor presidente para a economia dos EUA dos últimos tempos, houve áreas que ele se propôs a mudar e não o fez: A reforma tributária (que Biden já prometeu que irá retirar); o muro na fronteira do México (feito para maior controle migratório); as reformas no processo eleitoral (para justamente evitar os problemas enfrentados no pleito dessa semana); um maior endurecimento contra a ditadura chinesa para evitar seu avanço rumo a hegemonia no Pacífico. Bolsonaro também tem objetivos pendentes como uma real reforma política (que favoreceria à direita por igualar mais o jogo que tem uma esquerda aparelhada pelo próprio Estado); e a reforma tributária. Verdade que não foi possível atingir todos esses objetivos não por falta de vontade, mas o foco e o alvo não podem ser perdidos em meio à batalha.
9. Sempre estar preparado para surpresas e contingências
Antes da pandemia no começo do ano, a vitalidade e a pujança da economia americana com praticamente pleno emprego, altos índices de crescimento do PIB, recordes de produção e consumo, mostrava um governo sólido, focado e que apresentava resultados. Mas não se pensava muito numa situação calamitosa como aconteceu a partir de fevereiro e março. Isso obviamente muito em decorrência da falta de transparência chinesa, mas se há uma regra de ouro que deve ser sempre seguida é: Por mais improvável que seja, um cenário catastrófico não deve ser totalmente descartado. E Trump foi derrotado pela pandemia. Não fosse o vírus chinês, com certeza hoje estaria comemorando sua reeleição.
10. A soberba
"Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a vocês mesmos" (Filipenses 2:3). A Bíblia sempre nos traz grandes ensinamentos do intelecto perfeito de Deus. Quando alguém atinge uma posição altiva e confortável tem uma tendência natural de ser humano em se achar autossuficiente e a soberba cresce. Porém, Deus nos ensina que devemos considerar todos os outros superiores a nós. Esse ensinamento não é meramente uma lição de humildade. Mas quem é inferior, subalterno, quem está por baixo se previne, planeja, prepara com cuidado e sempre tem uma contingência prevista. Ao que parece, nenhuma economia do mundo (e a dos EUA não foi exceção) estava preparada para enfrentar uma situação de calamidade global. Portanto, que o Brasil aprenda e sempre esteja pronto e vigilante, e que a direita seja humilde e saiba que a esquerda é sim superior e mais bem equipada e aparelhada. Foi esse pensamento que deu a vitória em 2016 / 2018, e agora mais do que nunca será esse pensamento que garantirá a vitória em 2022.
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